Lumena e Karol Conká não são militantes, diz coordenador do Coletivo de Entidades Negras
Yuri Silva explica que as opiniões e os atos das duas, dentro do BBB, dizem respeito exclusivamente a elas; para ele, a dupla presta “um desserviço” ao movimento
A edição do Big Brother Brasil deste ano trouxe uma grande conquista para os brasileiros: o crescimento do número de participantes pretos no reality show. De 20 brothers, nove são negros. Um fato histórico que surge após um ano marcado por racismo e protestos antirracistas. Apesar disso, o debate racial precisa continuar existindo para dar mais visibilidade a estas pautas e combater atos preconceituosos.
Caminhando para a quinta semana, o BBB21 vem bombando nas redes sociais, muito em função da postura adotada pela psicóloga baiana Lumena Aleluia e pela rapper Karol Conká, que saiu na terça-feira (23), com 99,17% de rejeição.
São duas mulheres que pregam um certo ativismo, mas que, dentro do reality, demonstraram erros ao levantar a “bandeira de militante” em algumas situações. Com isso, surge um alerta para os brasileiros que dão grande audiência ao BBB: a luta de todos esses movimentos não pode ser banalizada por erros de duas pessoas que se utilizam de uma pauta para justificar seus problemas individuais.
De acordo com o coordenador nacional do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Yuri Silva, as duas participantes não são militantes. Para Yuri, as opiniões e os atos praticados pelas duas, dentro da casa, dizem respeito exclusivamente a elas, assim como a forma como elas interagem socialmente com o seu entorno.
Yuri Silva é o coordenador nacional do CNE. Crédito: Jonas Santos
“É importante frisar que essas pessoas não são militantes. Lumena nunca foi vista em militância negra em Salvador, na Bahia nem em lugar nenhum. Karol Conká e diversos outros artistas negros ali são pessoas que [fazem financeirização da] pauta racial. Então, eles ganham dinheiro com a sua arte inspirando-se na pauta racial. Militante mesmo é quem se organiza socialmente para lutar contra o racismo, seja de formas tradicionais de militância, seja de formas não tradicionais, seja de forma coletiva de militância, seja de formas individuais. Mas aquelas pessoas ali não são pessoas do ciclo de militância negra que é conhecido”, afirma o coordenador do CEN.
Na avaliação de Yuri, as participantes eventualmente citam elementos militantes de forma oportunista para se aproveitar do momento. Mas, para ele, nada disso diz respeito à militância negra organizada, ativa, responsável, que atua diariamente em defesa de pautas que são essenciais para toda a comunidade negra.
Lumena Aleluia. Crédito: reprodução / Gshow
Perguntado sobre a postura de Lumena ao comentar que a participante Carla Diaz estava “toda cagada na branquitude”, o coordenador do CEN responde que esta não é uma forma adequada nem aprovada pela militância.
“A forma [com] que Lumena se refere muitas vezes às pessoas brancas, por exemplo, é uma forma que não é adequada e não é aprovada pela maioria absoluta pelos militantes negros. A [forma como] Karol Conká trata as pessoas, pelo o que eu tenho acompanhado do programa, diz muito mais respeito ao caráter pessoal dela. O debate racial é pautado por princípios educativos. Nosso objetivo é que a sociedade brasileira mude radicalmente a partir da nossa militância e [do] debate. Isso que é central pra gente”, explica.
Yuri lamenta que a exposição dos atos cometidos pelas participantes se reflita negativamente no movimento.
“São atos individuais. Eu acredito pessoalmente que, ao serem expostos na TV, têm um impacto negativo profundo sobre a militância negra, porque a mensagem que passa é de que toda militância é daquele jeito, de um jeito mais agressivo e pouco educativo. Acho que a participação delas é um desserviço à militância. Nós não podemos dar brecha para que essa questão seja usada para atacar o debate antirracista, embora as atitudes delas sejam reprováveis. Não podemos permitir que os racistas usem isso como um passe livre para continuar com os atos”, alertou.
Ataques a Lumena e Karol
Para Yuri, a onda de cancelamento em cima de Karol e Lumena tem a ver com o racismo. Ele também fez uma comparação com outras edições do programa, nas quais pessoas brancas tiveram atitudes parecidas e não foram tão atacadas nas redes sociais.
Karol Conká virou simbolo de mulher empoderada. Imagem: Reprodução / Multshow
“Acompanho o Big Brother desde sempre, e pessoas brancas que já tiveram atitudes semelhantes ou piores não foram tão canceladas. Acho que [a participação delas] ajudou a desconstruir alguns mitos. Essa vilania de Karol e Lumena desconstruiu o mito do negro domesticado que abaixa a cabeça sempre, se curva sempre. Embora eu não aprove as atitudes delas, não há como negar que elas são mulheres fortes, empoderadas. Acho que a sociedade sempre espera o negro no papel de mediocridade, sempre no papel de servidão. Acho que quando elas são arrogantes e se impõem, elas assustam também por isso. Pessoas brancas que têm atitudes parecidas não chocam tanto, porque talvez a sociedade já espere isso”, analisa.
Erro da Globo?
O coordenador do CEN também acredita que a Globo pode ter cometido um erro no processo de seleção dos participantes do BBB este ano.
“A Globo intencionalmente seleciona os participantes com o objetivo de levar para o holofote conflitos sociais deliciados, que dizem respeito a interação de pessoas negras em ambientes de militância. Quando faz isso, a emissora parece fazer com a intenção de expor negativamente uma pauta importante para toda uma sociedade, não exclusivamente para negros e negras”.
Segundo ele, toda seleção de elenco de um reality show é feita com base em perfis psicológicos e em conflitos que podem surgir com a interação entre essas pessoas.
“A produção do Big Brother tinha a convicção, ou a expectativa, de que essas pessoas iriam interagir dessa forma. É muito complicado que uma emissora de TV, que é uma concessão pública, aja, se não intencionalmente, de forma irresponsável com uma pauta tão importante para uma sociedade em geral”, finaliza.
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