Veveu Arruda diz que “a política educacional deve ser uma prioridade na agenda dos prefeitos”

O professor Veveu Arruda, que ficou conhecido por revolucionar a educação de Sobral, quando geriu a cidade cearense de 2011 a 2017, disse em entrevista que a política educacional deve ser “uma prioridade na agenda dos prefeitos”. Ele destaca que a cidade de Sobral teve sucesso, pois houve o comprometimento de todos os gestores municipais. 

“A cidade de Sobral é fruto de um grupo. Na verdade, nós somos um grupo de pessoas, prefeitos, secretários, diretores, professores, famílias. Nós optamos por cuidar efetivamente da educação de todos que frequentam a rede municipal, atento à excelência acadêmica, à equidade, à formação integral do estudante e também à preparação dele para a vida prática”, pontuou em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no Jornal A Tarde. 

Veveu diz que os prefeitos devem ter a política educacional como prioridade. “E ele próprio conduzindo a política educacional como prioridade, ele está convidando a todos para fazerem isso”, recomendou.

Veveu Arruda disse ainda que é necessária uma participação política de todos os segmentos políticos, “independentemente de partido, de forças políticas, econômicas e sociais, que se juntam para fortalecer essa política educacional”.

“Eu diria também que existem algumas estratégias fundamentais. A primeira: avaliação. Conhecer o território onde vai se trabalhar, saber exatamente os níveis de alfabetização, de proficiência, de conhecimento que os alunos têm, para a partir daí estabelecer programas de formação de diretores, formação de professores, formação em serviços, porque infelizmente ainda no nosso país nós temos um grave problema porque as universidades, os cursos de educação, de pedagogia, ainda não formam os professores, os diretores”, pontuou.

Para o consultor e professor, é essencial investir na formação de professores e diretores.  “Também a implementação no serviço de superintendência, de acompanhamento, de monitoramento das atividades que são necessárias para que realmente a aprendizagem seja o foco nas atividades educacionais. O material didático não pode faltar, tem que chegar no começo das atividades educacionais, isso é fundamental”, completou.

Outra estratégia adotada pelo ex-prefeito é o engajamento. “Você criar um espírito de responsabilidade de todos que compõem o universo escolar, as famílias”.

“É fundamental a participação de todos nesse processo. Eu diria, por último, é muito importante o reconhecimento do esforço de todas as pessoas que se envolvem nesse processo. Portanto a valorização das pessoas, a valorização do magistério, se junta a essas outras estratégias para cumprir uma agenda positiva de superação dos graves problemas que ainda existem na educação pública brasileira”, ressaltou.

Engajamento

Dados da Avaliação Nacional da Alfabetização indicam que 76% das crianças são analfabetas dentro das salas de aula. A cada 100 estudantes que ingressam, 50 concluíram o ensino médio com 19 anos.

Questionado sobre o que pode ser feito para modificar essa realidade, Arruda ressaltou que esse é um problema nacional e que a causa fundamental disso “é a indiferença de líderes políticos, econômicos, sociais, culturais, a indiferença também da sociedade que não compreende a importância da educação não apenas para a construção de uma condição decente de vida das pessoas, mas também para superar os problemas do nosso país, um país que é tão desigual”.

“Na verdade, eu considero as causas raízes disso uma herança que nós recebemos do Brasil colônia, com escravidão, em que a educação não era uma prioridade, não só dos mais pobres, mas dos negros, das mulheres”, disse.

Para Arruda, uma estratégia de solução desse problema seria a implementação do regime de cooperação entre estados e municípios. “Juntar as forças do estado com os municípios para superar esse problema. Isso tem uma previsão constitucional”, finalizou.