Representantes do setor hoteleiro e imobiliário da Barra e Ondina temem mudança do circuito do Carnaval
Na opinião dos entrevistados do Portal M!, além de causar prejuízos financeiros, uma eventual alteração pode ‘encolher’ a festa
A discussão sobre a possibilidade de mudança do circuito do Carnaval tem encontrado a resistência de representantes do setor hoteleiro e imobiliário que atuam na região da Barra/Ondina. Na opinião dos entrevistados do Portal M!, além de causar prejuízos financeiros, uma eventual mudança no circuito pode “encolher” o Carnaval.
No ramo hoteleiro, a possibilidade de mudança causou preocupação no proprietário do Hotel Pousada Papaya Verde, localizado na Barra, Marco Cecílio Schoneborn. Ele, assim como os demais entrevistados pelo Portal M!, integram o movimento SOS Salvador, formado por moradores e empresários da Barra/Ondina, que já coletaram cerca de 7.500 assinaturas para um abaixo-assinado contra a mudança.
De acordo com Marco, a possibilidade pegou todos de surpresa e caso a mudança ocorra, representará a perda do período mais importante para empresários e comerciantes de toda a região.
“Foi uma surpresa muito grande para todo mundo: moradores, empresários e comerciantes. Essa notícia apareceu de uma hora para outra, quase no São João e para nós uma surpresa desagradável, porque dependemos do Carnaval aqui na Barra/Ondina. É a entrada do Carnaval que paga os impostos altíssimos do IPTU aqui, pago quase R$ 15 mil e sem o Carnaval fica impossível”, disse.
Ele também apontou que, lidar com uma mudança após dois últimos anos sem Carnaval, pode ser extremamente complicado para o setor imobiliário e do comércio. “Precisamos tomar créditos e estamos esperando esse Carnaval, porque é o Carnaval que paga a maioria dos custos para todo o nosso ano, nos fazendo sobreviver na estação baixa que, às vezes, são bem duras. E com certeza, se o Carnaval sair daqui, muitas lojas e empresários vão fechar, vão sair daqui”, apontou.
Marco também relatou que após o início das discussões em torno da possibilidade de mudança, foi sinalizado por alguns clientes que, caso ocorra a transferência do circuito, seriam feitos cancelamentos de hospedagem para o período momesco.
“Apenas com uma postagem sobre a possibilidade de mudança do circuito, tivemos entre 30% a 40% de cancelamentos para o período, caso a mudança seja efetivada. São pessoas que já vem para cá há mais de 10 anos. E isso é um retrato de diversos hotéis aqui da região, todos estão se queixando da mesma situação”, contou.
Da mesma forma, o empresário Frederico Tavares, proprietário de um hostel na região do Farol da Barra, defende que a preocupação vai muito além dos impactos no comércio local.
“Muita coisa é pautada financeiramente com esse elemento do Carnaval, principalmente, por ser um local que, para se manter ali, o custo é elevado. Então você se planeja pensando no Carnaval, é uma lista de coisas que são mantidas. Mas, penso que além do argumento financeiro, percebo que o Carnaval como um todo, pode encolher”, explicou.
Para ele, como diversos artistas e agentes importantes da festa estão se posicionando de forma contrária, é possível que o turismo baiano acabe sofrendo com uma eventual mudança.
“O turismo baiano pode cair junto e a própria festa também. E nisso, uma queda no número de pessoas que vem para cá. Pode afetar muito mais do que apenas a região da Barra/Ondina, a perda de uma arrecadação geral. Se uma parcela significativa deixar de vir para cá, quanto isso vai repercutir? Perda de investimentos, desde passagem aérea, transporte, aquela compra no mercadinho, hospedagem. A escala de perda, se não der certo na Boca do Rio, é grande”, disse.
“Inimigo conhecido”
Diante deste quadro, o empresário também comentou sobre o principal argumento dado pelo Conselho do Carnaval (Comcar) para que a mudança ocorra, que seria a superlotação do circuito Barra/Ondina. Na opinião dele, o volume de pessoas do Carnaval vai causar transtorno em “qualquer lugar”.
“Imagine que todo mundo que vai pra Barra, vá para outro lugar, não tem nenhum lugar que comporte, seja Pituba, Boca do Rio ou Itapuã, que dois milhões de pessoas não vá atrapalhar. Você tem jogos na Fonte Nova que atrapalha toda aquela região, imagine. Salvador não é uma cidade programada, plana e com boa mobilidade, em geral, é deficitária”.
Segundo ele, o que há na Barra é uma população idosa, que acaba sofrendo com a limitação da mobilidade no período momesco. No entanto, Frederico aponta que, a grande parte de quem está na região, já está “acostumada”.
“Você fica vários dias com a mobilidade prejudicada, mas a grande parte de quem está ali, já sabe disso. Então, quem não tem condições de se afastar, tolera. Mas, quem pode, sai de lá há muitos anos. É um inimigo conhecido. Afeta algumas pessoas e a maioria já sabe lidar. Já em outro bairro, vai afetar de uma forma que a gente não conhece ainda”, observou.
Propostas
Por sua vez, o empresário Ajulimar Marchionne, proprietário de uma pousada na região, aponta que existe o entendimento de que o Carnaval precisa ser melhora e defende que a mudança do circuito não é a melhor saída. Segundo ele, entre as propostas colocadas ao Comcar, estão: revitalização do Centro Histórico e Campo Grande, retorno dos sete dias de festa e o estabelecimento de trios de grandes artistas nos três circuitos, no mesmo horário.
“Teve uma reunião com o Comcar junto com a Amabarra. Estamos cientes que o Carnaval tem problemas e precisa ser melhorado, mas a solução não vai ser a mudança do circuito Barra-Ondina. Precisa revitalizar o circuito do Centro histórico e do Campo Grande, para desafogar a Barra. Precisa voltar aos sete dias de festas e estabelecer a saída dos trios elétricos de grandes artistas no mesmo horário nos três circuitos. Essas são as propostas que estamos fazendo ao Comcar”, revelou.
Na opinião dele, a possibilidade da mudança afeta diretamente o setor hoteleiro da região, principalmente, porque os turistas buscar ficar próximos ao circuito e com uma eventual mudança para a Boca do Rio, isso não será possível.
“Outra preocupação é que Salvador perca o nome de maior Carnaval de rua do mundo, aí me pergunto, qual vai ser a diferença com o Carnaval de outras cidades? Porque o turista deveria escolher o nosso Carnaval? Os prejuízos só podem aumentar com a possibilidade de mudança do circuito”, disse.
Ajulimar também foi mais um empresário que já têm percebido impactos no negócio por conta da discussão. “Já agora, nós estamos perdendo muitas reservas, por conta da indecisão. Os foliões acostumam reservar de ano em ano, e essa indecisão só está piorando as coisas. Esse ano deveria ser o ano da retomada do Carnaval, e a maioria das pessoas estão ansiosas para pular todos juntos no Farol da Barra”, apontou.
Ele também apontou que a Associação de Moradores da Barra (Amabarra), já ouvida pelo Portal M! em outra ocasião e defensora da mudança, “está restrito a um pequeno grupo de moradores”.
“É um pequeno grupo de moradores, com 200 pessoas mais ou menos. Nós, com o nosso movimento, em menos de um mês recolhemos três mil assinaturas de pessoas que moram na Barra e que querem o Carnaval no circuito tradicional”, disse.
Da mesma forma, o consultor imobiliário Gregório Barreto, que possui diversos apartamentos que são alugados para o período momesco na região da Barra/Ondina, aponta que uma eventual mudança afeta sua atividade por estar ligado ao turismo.
“Além de milhares de pessoas na área comercial. Os mais afetados serão os comerciantes que moram nas comunidades em torno do carnaval, além do meio ambiente em Pituaçu, Patamares, na região da Boca do Rio. Será devastador e a segurança dos turistas também”.
Para ele, a discussão em torno da mudança “só tende a reforçar os prejuízos que foram avassaladores durante a pandemia, em que centenas de comerciantes fecharam suas portas nos dois circuitos, no Centro e no Barra Ondina, gerando milhares de desempregados”, afirmou
Expectativas
Por fim, Gregório apontou que as expectativas do setor imobiliário diante da discussão são de diversas incertezas.
“Todos tem o mesmo sentimento, que estão loteando e escriturando o Carnaval, em prol de empresários, pois procuraram o caminho mais difícil para fazer a mudança, enquanto que o caminho normal, deve ser o de revitalizar o Carnaval do centro da cidade e colocar atrações de peso em horários parecidos. Apenas dessa forma, se evita a lotação de ambos os circuitos, sendo um caminho mais barato, mas eles escolheram o caminho hiper caro, pensando em interesses pessoais”, afirmou.
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