Projeto da AVSI Brasil certificou mais de 1.700 jovens em situação de vulnerabilidade em cursos profissionalizantes

De cursos profissionalizantes ao mercado de trabalho, iniciativa beneficia brasileiros e migrantes

redacao 06/12/2023 16:49 • Cidades

Entre outubro de 2020 a setembro de 2023, cerca de 1700 jovens e adultos brasileiros foram certificados em cursos profissionalizantes na capital baiana. No mesmo período, 141 jovens e adultos brasileiros foram inseridos no mercado de trabalho, por intermediação do projeto Acolhidos, e 60 jovens foram certificados como aprendizes e acompanhados em seu percurso formativo. Os dados foram divulgados no seminário “Estudo de avaliação de efeito e impacto de integração local de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil”.

A iniciativa do seminário foi conduzida pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil), entidade sem fins lucrativos sediada em Salvador. Na Bahia, o projeto oferece cursos para a população brasileira em situação de vulnerabilidade, ministrados no Centro de Orientação da Família (COF) no subúrbio de Salvador, na região de Novos Alagados, e também engloba o programa de Jovens Aprendizes.

Migrantes e refugiados

Fabrizio Pellicelli, diretor-presidente da AVSI Brasil, ressaltou que de 2019 a 2023, ocorreu a interiorização voluntária de 3.360 membros de núcleos familiares de refugiados e migrantes venezuelanos. Dentre esses, 1.329 foram integrados ao mercado de trabalho regular.

Pellicelli enfatizou que esses resultados resultam da colaboração entre o Governo Federal, a ONU, as Forças Armadas e a sociedade civil. “Nosso objetivo é fazer com que as pessoas em situação de vulnerabilidade e os migrantes e refugiados encontrem a sua autonomia e possam recomeçar suas vidas”.

Durante o evento, Bertha Maakaroun, cientista política e diretora técnica da Pólis Pesquisa, apresentou dados destacando que o Projeto Acolhidos por Meio do Trabalho apresentou alto índice de empregabilidade formal, onde 65,8% dos respondentes interiorizados disseram estar trabalhando em empregos formais, com carteira assinada, sendo o setor da indústria é o que apresenta o maior número de empregos para os interiorizados (43,8%).

“As pessoas interiorizadas entrevistadas nesta pesquisa apresentam maior autonomia, em relação aos refugiados e migrantes venezuelanos na origem, para a escola de oportunidades de trabalho: enquanto no destino, 59,7% informam que podem escolher as melhores ofertas de trabalho; em Boa Vista, na origem, 79,9% informam que precisam aceitar qualquer oferta de trabalho”, relatou.

De acordo com Maakaroun, o rendimento médio das famílias de não interiorizados é de R$ 621,00. “Já entre os interiorizados, a renda média familiar é de R$ 3.212,00, uma variação positiva de 417%”, disse, ressaltando ainda que a renda média per capita é de R$ 157,00 para os não interiorizados, e de R$ 894,00 para os interiorizados, uma variação de 469%.

O representante para o Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Davide Torzilli, lembrou que a nível global, 110 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar. “Uma a cada setenta e quatro pessoas no mundo precisam se deslocar. As chances de voltar para o país são muito pequenas. É um desafio gigante que precisa de responsabilidade compartilhada”.

A diretora do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), Irmã Rosita Milesi, enfatizou que por trás das estatísticas existem indivíduos com rostos, histórias, sonhos, expectativas e sofrimentos. Ela ressaltou a necessidade de reavaliar esses elementos, destacando a dimensão humana das pessoas que buscam reconstruir suas vidas após deixarem tudo para trás.

A iniciativa é uma aliança entre a Fundação AVSI, AVSI USA, implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e conta com o financiamento do Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM), do governo dos EUA.