Professor Deco Duarte aponta questões vagas e subjetividade perigosa na prova de Literatura do Enem

O professor de Literatura e Gramática, Deco Duarte, fez uma análise sobre a prova aplicada, neste domingo (21), no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para o professor dos pré-vestibulares Bernoulli, Gregor Mendel e  Colégio Oficina, em Salvador, a prova de Literatura  tem mantido uma linha de cobrança já esperada, mas esse ano exigiu um pouco mais de leitura do que propriamente um conteúdo explícito.

Deco pontuou que muito pouco foi cobrado do que normalmente os docentes falam aos alunos na sala de aula. “Ainda que Machado de Assis, por exemplo, tenha sido base para três questões – algo inédito em qualquer aplicação do ENEM -, a cobrança se prendeu mais à leitura dos fragmentos que a um conhecimento de características específicas do autor ou de sua época literária. Outro aspecto é que alguns textos foram longos, ainda que nem todos demandassem uma leitura integral, mas isso deu à prova um ar mais cansativo”, pontuou.

O professor ainda ressaltou que o exame não cobra assuntos em específicos, mas habilidades que o aluno tenha. “Como a prova do ENEM não se centra basicamente na cobrança de assuntos, mas de habilidades, pode-se dizer que, de fato, não houve cobrança dos mesmos assuntos, mas de algumas habilidades já costumeiras na prova. Assim, as habilidades ligadas à educação física, artes, literatura, tecnologias, língua portuguesa se fizeram presentes, mas não com exatamente o mesmo assunto, o que já é uma tônica da prova”, disse.

Faltou contexto

Duarte, que também é bacharel em Direito, afirmou que sentiu falta que questões mais contextualizadas e identificou algumas perguntas vagas. De acordo com ele, a prova já teve um nível melhor. “Senti falta de uma análise mais contextualizada e de conteúdo, pois algumas questões, ainda que trouxessem uma boa proposta, ficavam vagas, sem uma proposta bem clara. A prova do ENEM para mim já foi melhor”, salientou.

Ele concluiu dizendo que a prova trouxe um grau de subjetividade perigoso o que causou divergências quanto às respostas por parte dos professores que realizaram a correção de forma extraoficial.

“Algumas questões dessa prova, assim como a do ano passado, trouxeram um grau de subjetividade entre alternativas perigoso, despertando divergências entre cursinhos quanto ao gabarito extraoficial. Penso que esse tipo de situação é péssimo, principalmente para os jovens que estão prestando a prova. Se professores de todo o Brasil divergem quanto aos gabaritos de ao menos 5 itens, o que esperar dos estudantes que ainda estão no início da caminhada? Penso que a prova poderia evitar esse tipo de situação para dar mais tranquilidade ao candidato”, arrematou.

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