“Precisamos dar maior atenção para a infraestrutura e logística”, diz Mariana Lisboa

O setor florestal movimenta cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia, além de fomentar a indústria do agronegócio e de bioenergia no estado, mas encontra problemas de logística para viabilizar e maximizar o transporte dos materiais.

De acordo com a diretora da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), Mariana Lisboa, estradas, rodovias, ferrovias e portos precisam ser mais eficientes, além, é claro, a suma importância de uma ferrovia para o escoamento para o estado, Brasil e também exterior (com as exportações).

“Em linhas gerais, precisamos dar maior atenção para a infraestrutura e logística. É inegável a importância de ferrovias para estabelecer alternativas mais econômicas para os fluxos de carga de longa distância, favorecer a multimodalidade, interligar a malha ferroviária brasileira, incentivar e viabilizar investimentos que irão incrementar a produção e induzir processos produtivos modernos ao longo dessas infraestruturas implantadas”, explicou Lisboa durante entrevista com o editor-chefe do Portal M! e colunista de A Tarde, Osvaldo Lyra.

Uma das linhas férreas que será reativada na Bahia e no Brasil, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), em três etapas, cortará a Bahia de Oeste à Leste, conectando-se à ferrovia Norte/Sul (Goiás) ao novo porto de Ilhéus. Só no primeiro semestre de 2022 a Valec, estatal do Ministério da Infraestrutura, responsável pela implantação do trecho licitado desde 2011, entre Caetité e Barreiras, já atingiu cerca de 90% da produção. O trecho entre Barreiras e Ilhéus foi concedido em 2021, em licitação.

“E, para aproveitar esta oportunidade é preciso, desde já, estimular e planejar possíveis polos integrados de desenvolvimento agroindustriais, minerais, entre outros, ao longo da ferrovia que viabiliza a utilização de áreas com diferentes climas, altitudes, índices de pluviometria e tipos de solo”, disse Mariana Lisboa.

“São muitos hectares disponíveis, degradados, hoje com pouca utilização, a preços competitivos. Essa ferrovia poderá trazer novos investimentos e receitas não somente para o setor empresarial, mas também tributos para o governo da Bahia e municípios, além de possibilitar a geração de novos empregos diretos e indiretos”, acrescentou.

A Fiol vai cruzar cerca de 40 municípios, e a expectativa, segundo Lisboa, é criar um marco e um novo ciclo no desenvolvimento e crescimento econômico da Bahia, com o surgimento de novos polos agroindustriais autônomos, que passarão a contar com a infraestrutura mais eficiente de logística.

Como nem tudo são flores, Mariana aponta que a burocracia e a insegurança jurídica no processo de licenciamento ambiental são outros gargalos do setor. “Está avançando, mas ainda é necessário evoluir. Mais celeridade trará, sem dúvida, vantagens para o setor florestal, para a sociedade e para o meio-ambiente”, completou.