Pesquisa aponta que Salvador foi a metrópole onde os mais pobres perderam mais renda na pandemia

A desigualdade de renda aumentou nas metrópoles brasileiras durante a pandemia. E a capital da Bahia, Salvador, foi a que mais sofreu com a crise gerada pelo novo coronavírus.

De acordo com os dados do primeiro boletim “Desigualdade nas Metrópoles”, que compara dados do segundo trimestre de 2020 com o mesmo período do ano passado, antes da pandemia, o município foi onde o mais pobres perderam mais renda: queda de 57,4%. 

“Na região de Salvador especificamente, e no Nordeste, em geral, há muita informalidade. Isso explica uma queda tão brusca”, afirmou André Salata,  professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-RS, que realizou a pesquisa em conjunto com o Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).

O boletim considera a renda individual por média domiciliar e não inclui no cálculo as rendas vindas do auxílio emergencial e outras fontes, como Bolsa Família. Por isso, dá a dimensão do impacto da pandemia na renda cuja fonte é exclusivamente o trabalho.

O levantamento também tem como base os dados sobre renda da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, referentes aos segundos trimestres de 2020 e 2019. Os números mostram que, na média das 22 regiões metropolitanas, os 40% mais pobres perderam 32,1% da renda, os 50% intermediários perderam 5,6% e os 10% mais ricos perderam 3,2%.

Apesar da renda do topo da pirâmide ter caído na média geral, os ricos ficaram mais ricos em nove regiões, como Manaus, Belém, Rio de Janeiro e Florianópolis, segundo o estudo. Já os mais pobres perderam renda em todas as regiões analisadas.

Na região metropolitana de Florianópolis, por exemplo, os 10% mais ricos ficaram ainda mais ricos, com 24,2% de aumento na renda. O fenômeno também ocorreu na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde os mais ricos tiveram 8,7% de incremento na renda.

*Com informações do jornal Folha de S.Paulo.