Pais homoafetivos usam internet para naturalizar novas formações familiares  

Formada com muito amor, o casal Paulo Tardivo (38) e Tiago Pessoa (40), mostram em suas redes a rotina do dia a dia com seus filhos


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redacao 24/02/2022 09:17 Cidades

Com o crescimento de usuários das redes sociais no Brasil, cada vez se torna necessário recorrer a tela do smartphone para engajar em assuntos diversos e também aproveitar para fortalecer uma voz. Esse é o caso da Família Pessoa Tardivo, que aproveita o grande engajamento no Instagram e Tik Tok para incentivar a naturalização das novas formações familiares. 

Formada com muito amor, o casal Paulo Tardivo (38) e Tiago Pessoa (40), mostram em suas redes a rotina do dia a dia com seus filhos: Sara, 8 anos e Davi, 3. No Instagram eles acumularam cerca de 108 mil seguidores, já no Tik Tok são mais de 480 mil. Nessas duas plataformas os quatro desconstroem preconceitos e mostram as delícias e dificuldades da paternidade, mas acima de tudo ressaltam o sentimento puro e verdadeiro que toda a família construiu. 

“O nosso intuito na internet é naturalizar as novas formações familiares, para que as pessoas entendam que existem famílias, não só de dois homens e duas crianças. Mas de duas mulheres, de tios que criam crianças, de padrastos, madrastas. Que as pessoas comecem a enxergar isso de forma natural. A minha família não é melhor e nem pior que a de ninguém, ela é apenas diferente”, afirma Tiago Pessoa. 

Da esquerda para direita: o pequeno Davi, Paulo, Tiago e a filha Sara. Imagem: reprodução/ Instagram

Segundo um estudo divulgado pela plataforma Cupom Válido, o Brasil é o terceiro país no mundo que mais usa redes sociais. Para se ter uma ideia do poder que a internet proporciona as pessoas que sabem utilizá-la de forma positiva, o casal conta que através do trabalho deles, muitas famílias foram inspiradas a adotar crianças e postar com frequência a rotina no mundo virtual.  

“Muitas famílias com dupla paternidade e dupla maternidade sempre nos mandam mensagens agradecendo pelo nosso conteúdo e falam que hoje postam com mais frequência para naturalizar cada vez mais nossas famílias”, diz Paulo Tardivo. 

Atualmente o casal faz campanhas publicitárias na internet como influenciadores digitais. Esse trabalho ganhou força após a chegada das crianças em casa. Eles explicam que adotar sempre foi o desejo de ambos. 

“Nossos filhos são do Ceará. No processo [de adoção], preenchemos a ficha para ter apenas um filho. Mas dentro do abrigo, estando já no Ceará, fomos informados que eles eram irmãos. Não tivemos coragem para separá-los. Mesmo sabendo que é muito diferente ter um filho do que ter dois, não medimos nossos esforços para adotar os dois”, revela Tiago. 

Como a família começou  

Os rapazes se conheceram em São Paulo através de um amigo em comum. Tiago é natural da Bahia e Tardivo é do Paraná. Após sete anos de relacionamento, eles entenderam que era o melhor momento para a paternidade e decidiram entrar na fila de adoção.  

“Existe um sentimento muito grande de pertencimento a esse mundo quando somos pais. Ainda mais numa sociedade que crescemos homossexual e ouvimos a vida inteira que não poderíamos formar uma família. Hoje, ser pai nos fez nos desenvolver como pessoas, cidadãos e um sentimento real de pertencimento. De que realmente somos como qualquer outra pessoa. Nem melhor, nem pior: Iguais!”, opina Paulo. 

 

 
 
 
 
 
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Tiago conta que a parte ruim do trabalho na internet são os ataques sofridos pelos haters (pessoas que distribuem ódio gratuito no mundo virtual).  

“Todos os ataques e preconceito que sofremos foram na internet. Pessoalmente a gente nunca passou por essa situação. Pelo contrário, toda vez que estamos nós quatro juntos, em um lugar público, as pessoas primeiro ficam olhando com curiosidade para entender, o porquê vê a Sara falando “pai Tiago, pai Paulo” e quando entendem, toda vez que a gente é abordado é com muito amor, carinho e respeito”. 

Já referente a campanhas para incentivo de adoção no país, ele diz acreditar que faltam publicidades para desromantizar a adoção. “Porque a mídia sempre coloca a adoção um “encontro de almas” e na verdade é um processo de construção de amor diário”. 

Adoção na Bahia 

Trazendo a realidade do incentivo da adoção para a Bahia, o coordenador da Infância e Juventude do Poder Judiciário do Estado (PJBA), Desembargador Emílio Salomão Resedá, informa que, diversos órgãos costumam fazer campanhas em prol desta ação e na pandemia da Covid-19, os eventos foram virtuais. 

“No momento, o Tribunal de Justiça não tem veiculado uma campanha específica, mas sempre realiza eventos sobre a temática. Desde a emergência da pandemia, a Coordenadoria da Infância e Juventude do TJBA realizou diversos eventos virtuais, esclarecendo sobre o sistema de adoção, os prejuízos da institucionalização prolongada, o papel da Justiça da Infância e Juventude”, pontua. 

O desembargador diz que atualmente o estado tem aproximadamente 127 crianças e adolescentes disponíveis para adoção, deste total 61% são do sexo masculino e 39% feminino. Setenta e quatro (55,5%) já estão vinculadas a pretendentes. Quanto à faixa etária: 8% – 0 a 3 anos; 7% – 3 a 6 anos; 15% – 6 a 9 anos; 20% – 9 a 12 anos; 26% – 12 a 15 anos e; 24% – 15 a 18 anos. 

Perguntado sobre a quantidade de pessoas que são devolvidas, ele informa que desde 2019, cerca de 24 crianças/adolescentes passaram pela situação de desistência da guarda com fins de adoção, sendo algumas mais de uma vez.  

“Vale ressaltar que essas “devoluções” ocorreram no período de convivência, ou seja, na fase em que adotantes e adotandos passaram a viver no mesmo ambiente familiar, implicando em uma adaptação de ambas as partes, o que pode provocar incômodos e conflitos, sendo a devolução considerada o ápice desses conflitos”. 

Referente ao número daquelas que nem chegam a ser adotadas é o de aproximadamente 7%.  

Famílias homoafetivas 

A construção do amor que se estabelece nas famílias que adotam crianças propõe diversos benefícios para os dois lados e também, felicidades, como no caso da Família Pessoa Tardivo. Conforme informações do desembargador, o quantitativo de adoções por famílias homoafetivas tem aumentado nos últimos anos, como consequência das transformações da própria sociedade. 

Perguntados como o casal aborda essa temática com os filhos, Tiago responde que é através de um papo muito natural e tranquilo.  

“A gente nunca precisou sentar para conversar com eles e explicar alguma coisa, eles vão percebendo na nossa rotina que eles têm uma formação familiar diferente que é tão natural, quanto a formação da amiguinha da escola que tem um pai e uma mãe. O Davi é muito novo, mas a Sara que é maior, todas as vezes em que a gente precisou explicar para ela alguma coisa, ou conversar com ela algum assunto foi de forma muito tranquila. Ela é uma menina muito esclarecida, consciente da condição dela. Toda vez que a gente passou por uma saia justa, de criança da idade dela perguntar, ela sempre soube responder, a gente nunca precisou tomar a voz, porque ela entende a situação dela, então a gente tenta de forma natural explicar para eles a formação familiar deles e isso é no dia a dia”, finaliza.

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