“O ponto central é acreditar que é possível fazer a escola funcionar”, diz Veveu Arruda

O consultor e ex-prefeito de Sobral, Veveu Arruda, ficou famoso na política por revolucionar a educação da cidade entre 2011 e 2017. Em sua gestão, o município saiu da 55ª posição no Ideb, em 2009, para o 1º lugar do Brasil, com Ideb 8,8, sendo considerada a melhor Rede Pública Municipal de Educação do Brasil.

Em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no jornal A Tarde, Arruda que o ponto central para o sucesso da educação no município cearense”foi acreditar que é possível fazer a escola funcionar”.

“Eu diria que um desafio importante foi transformar um ambiente de descrença, de desesperança, em um ambiente com uma cultura de crença e esperança de que é possível as coisas acontecerem. Antes, bem antes, os gestores públicos atribuíam uma insuficiência socioeconômica presente e muito forte na nossa região. Em Sobral, a média salarial é em torno de meio salário mínimo. O PIB cearense é de 2,1%. É um dos menores PIBs que compõem o PIB nacional. O PIB de Sobral compõe o PIB cearense com apenas 3%”, explicou José Clodoveu de Arruda Coelho Neto, mais conhecido como Veveu Arruda.

“O ponto central foi acreditar que é possível fazer a escola funcionar e, evidentemente, substituindo essas visões anteriores. Elas, na verdade, não justificavam o fracasso, embora fosse assim que os gestores utilizavam. O importante é entender que é possível fazer essas mudanças mudando as estratégias anteriores praticadas”, completou.

Arruda ressaltou ainda as dificuldades encontradas nas estruturas das escolas. “Você tinha diretor de escola que era analfabeto, mas era diretor de escola. Como consequência disso, você atendia a todos, os que estavam dentro da escola não permaneciam, os que permaneciam não progrediam e nem aprendiam. Mas, ao mesmo tempo, a estrutura escolar servia, infelizmente, para, por exemplo, sustentação de uma base eleitoral e assim uma expectativa de poder nas eleições”, ressaltou.

O consultor em Educação destacou que é necessário que os gestores municipais entendam que a estrutura escolar tem a função clara e objetiva de fazer os meninos e meninas aprenderem. “Se muda isso, não se faz a escola ser um lugar de aprendizagem. Eu diria que esse ponto é muito importante. Infelizmente, ele se repete em muitos municípios brasileiros e em todas as regiões”, continuou.

Política Educacional

Para o professor, há a necessidade de unificar uma política educacional mais eficiente para fortalecer as ações pedagógicas com a gestão das escolas.

“Essas duas dimensões são absolutamente indispensáveis. O fortalecimento da gestão escolar, por exemplo, através de autonomias em que primeiro começa com a seleção de diretores por competências e habilidades, e não porque alguém indicou ele para ser diretor. Mas porque ele tem as habilidades, as competências para ser um líder na escola, que vai mobilizar todos os professores, os alunos, os pais, o arredor da escola para cumprir uma agenda de aprendizagem”, disse.

Veveu Arruda destacou também que é preciso garantir autonomia administrativa, autonomia financeira, autonomia pedagógica para as lideranças. “Nesse sentido, também se ressalta o papel do prefeito, para que ele possa assegurar na secretaria, na escola, essa condição política de que diretores de escola serão nomeados porque eles sabem ser diretores, porque eles têm habilidades para exercer essa função”, pontuou.

Para Arruda, é preciso assegurar os 200 dias de aula, que muitas vezes não são cumpridos. “Outra coisa, não se cumpre as 800 horas, que são 800 horas mínimas para as atividades escolares. Outra vez, por qualquer motivo se justifica para não ter as 800 horas. Essas horas são contabilizadas a partir de cada 50 minutos de cada aula que é dada em cada dia. Esses 50 minutos precisam ser pedagógicos para que os meninos e as meninas aprendam efetivamente”, disse.

Veveu Arruda ressaltou ao Portal M! outro ponto importante, que é garantir a presença de todos e todas as crianças, adolescentes e jovens na escola. “No sentido de acolhimento, tem uma relação da escola com o aluno. Por outro lado, como eu disse, as avaliações precisam ser feitas para iluminarem as formações. As formações dos professores precisam dessa formação permanente, como eu disse, às vezes não só em serviços, mas também em conteúdos, para poder assegurar que aquela aula seja produtiva. Bom, eu diria que são medidas simples que precisam ser adotadas e que produzem resultados”, finalizou.