Novo ensino médio só deve alcançar 100% da 1ª série das escolas da Bahia em 2023

Aprovado pelo Congresso Nacional em 2017, o novo ensino médio deveria ser implementado em 100% das escolas da rede pública e privada da Bahia neste ano de 2022. Porém, a pandemia da Covid-19 atrasou o cronograma e com isso a implantação só deve ocorrer em sua totalidade em 2023, quando será obrigatório.  

“A Secretaria da Educação do Estado informa que 50% das escolas da rede já estão implementando o novo ensino médio e no próximo ano, 100% já estarão adotando a nova arquitetura curricular nas turmas de 1ª série e de forma gradual, as demais séries, até 2024”, informou em nota a pasta após ser questionada sobre os preparativos para a adoção das mudanças na Bahia.

O novo ensino médio, que já vai ser implementado este ano no Estado de Goiás, proporciona ao estudante a opção por uma formação técnica e profissionalizante, tendo como objetivo garantir uma educação de qualidade.

As principais mudanças estão relacionadas à carga horária e à oferta de novos itinerários formativos, que são um modelo de trilha que os alunos poderão realizar e que estão intimamente relacionados às áreas de conhecimento integrados.

“Esse novo ensino médio deveria estar implementado na 1ª série em todas as escolas do país neste ano de 2022. Devido à pandemia, o Conselho Estadual de Educação resolveu não tornar obrigatória a implementação. Isso poderá acarretar alguma defasagem de conteúdo de habilidades e competências, caso o novo Enem de 2024 aconteça da forma que está prevista: um dia com a parte generalista e um segundo dia pautado nos itinerários escolhidos pelos alunos”, disse a pedagoga Luciana Oliveira em entrevista ao Portal M!.

Defensora do modelo, a pedagoga explicou que para 2024 existe uma proposta de um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) focado em habilidades e competências para o aluno.

“O Enem que virá para 2024 ele terá uma nova forma e a gente vai precisar preparar o aluno. Esse será o grande desafio. Esse novo Enem será feito focado tanto nos objetos de conhecimento dos componentes curriculares quanto no itinerário formativo que o aluno escolheu. Essa, na minha visão, é uma boa forma de desenvolver e avaliar habilidades e competências”, afirmou.

Itinerários formativos

Em sua nova versão, o ensino médio será composto por quatro áreas de conhecimento: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da Natureza; e Ciências Sociais Aplicadas. A legislação possibilita que os colégios trabalhem prioritariamente em dois núcleos.

“Os Itinerários Formativos serão organizados por meio de arranjos curriculares, com foco nas áreas do conhecimento ou na formação técnica e profissional, possibilitando aos estudantes aprofundarem seus conhecimentos e se prepararem para o prosseguimento dos estudos de acordo com suas escolhas e seu projeto de vida. Os alunos precisarão escolher pro semestre os itinerários que desejam cursar”, explicou a pedagoga.

O novo modelo de ensino trará também a ampliação progressiva da carga horária mínima anual, que até então era de 800 horas, para 1.400 horas, devendo a Rede Estadual de Ensino oferecer pelo menos 1.000 horas anuais de carga horária já em 2023. Dessa forma, a carga horária será destinada tanto para Formação Geral Básica quanto para os Itinerários Formativos.

APLB e Sinepe discordam

Com uma visão diferente sobre o mesmo assunto, o presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB-Sindicato), Rui Oliveira, afirma que a mudança será um retrocesso para a educação.

“Esse novo ensino médio é um retrocesso. Vai fazer com que o aluno perca o senso de educação como um todo. Matérias como Química, Física, Biologia, História, por exemplo, não serão obrigatórias. Isso vai ser muito ruim”, avaliou.

Rui afirma ainda que a mudança fará com que aconteça uma diminuição de alunos pretos e pobres nas universidades. Segundo ele, haverá um incentivo maior para que os alunos tentem fazer cursos técnicos. “A universidade deixa de ser o foco da educação pública”, afirmou. 

Já para o professor e assessor jurídico do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-BA), Nelson Souza, o novo ensino médio vai despertar no aluno um interesse maior em aprender.

“Essa proposta vai acabar com o modelo tradicional de ser muito conteudista. As escolas ensinam muita coisa que, quando o aluno sai da escola, não serve para nada. Essa mudança fortalece o processo educacional e o interesse do aluno aumenta. Os adolescentes no modelo tradicional não são motivados. Acredito que com esse modelo essa motivação vai voltar”, analisou o professor.