Modificações na natureza deixam cidades mais expostas a questões relacionadas ao clima, explica meteorologista
Apenas em 2022, os temporais causaram grandes tragédias no Rio de Janeiro, Bahia, Minas e agora em Pernambuco
Celebrado anualmente em 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os perigos de negligenciar as questões ambientais para o futuro do planeta e da própria humanidade. E um dos frutos da negligência sobre o tema, tem sido a ocorrência, cada vez maior, do fenômeno das chuvas tropicais no Brasil.
Apenas em 2022, os temporais causaram grandes tragédias no Rio de Janeiro, Bahia, Minas e agora em Pernambuco, resultando em centenas de vítimas e milhares de desabrigados. De acordo com a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na Bahia, Cláudia Valéria, em entrevista ao Portal M!, não é possível evitar que as fortes chuvas aconteçam, porque se tratam de fenômenos da natureza.
“As chuvas são provocadas por sistemas meteorológicos, que se formam e acabam se intensificando em alguns momentos”, afirma. A especialista explica ainda, que existem estudos que já apontam que todas as ocorrências que vem ocorrendo no mundo, estão intensificando alguns padrões que a gente conhecia, por isso, tem sido possível observar chuvas mais intensas e fenômenos durando mais tempo.
“De maneira geral, quando modificamos a natureza, acaba tendo sim uma resposta nas questões relacionadas ao tempo e o clima”, aponta.
No entanto, a especialista ressalta o que é possível e é feito pelo Inmet, é emitir alertas para que sejam tomadas decisões rápidas em decorrência da chegada desses fenômenos. “O que cabe a gente é antecipar a previsão através de alertas, para que as pessoas façam a tomada de decisão e que sejam feitos trabalhos de logísticas de como fazer com as pessoas, para ter a menor perda humana possível”, explica.
Diante deste cenário, a meteorologista alerta que saídas devem ser buscadas para minimizar as questões relativas a esses fenômenos. Segundo ela, além de retirar pessoas de casa para uma área segura, para que elas possam retornar em seguida, outra medida são direcionar àquelas pessoas que não conseguirem retornar depois às suas casas, para outra área.
“É tirar a pessoa daquele risco naquele momento. É o que se pode fazer de imediato. Em Salvador, por exemplo, existem as sirenes, as pessoas são retiradas de casa levadas para escolas, então naquele momento é retirar a pessoa do perigo”, enfatiza.
Salvador
Na capital baiana, segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), existem 152 áreas de risco, que foram detectadas através de mapeamento do órgão. Para o diretor-geral de gestão do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (Savam), da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador (Secis), João Resch Leal, o cenário reforça a importância de ações de antecipação.
Segundo ele, umas dessas ações é a colocação de geomantas em áreas de risco de deslizamento. Em Salvador, segundo a Codesal, 225 geomantas já foram aplicadas.
“Se os municípios não tiverem uma ação de antecipação como Salvador, irão ocorrer essas tragédias. O déficit habitacional faz com que as pessoas busquem moradias em locais extremamente vulneráveis. Hoje, não temos perdas de vidas em decorrência de deslizamentos”, destacou.
Embora não haja uma grande incidência de deslizamentos, João apontou que o principal ponto hoje, de quando há grande volume de chuvas em Salvador, são os alagamentos. “Quando tem um grande volume de chuvas, você pode encontrar pontos alagados, ponto em que temos atuado, com a limpeza dos córregos. Mas, um fator que influencia diretamente é o descarte irregular de objetos”, apontou João.
Para tanto, o diretor-geral afirmou que uma das ideias para reverter esse cenário, é a criação de jardins de chuva. “É uma tentativa de amortizar essa chuva, fazendo-a infiltrar no solo, de forma que ela não fique acumulada nas vias. Algumas capitais já tem, e estamos estudando”, indicou.
Na ocasião, João também falou sobre a capacidade de criação de um amplo programa habitacional que retire as pessoas das áreas de risco e as coloque em um local seguro. Segundo ele, a habitação irregular é uma realidade dos grandes centros, e Salvador não foge disso porque cresceu no desordenamento.
“É uma realidade diária, vejo muitas ocorrências de invasão, de pessoas que buscam esses lugares porque não tem outra opção. Tem que ser feito um programa social muito amplo. Tem que ser um programa em longo prazo, e um conjunto de ações em nível federal, estadual e municipal”, indicou.
Em Salvador, segundo o diretor-geral, existe a iniciativa do projeto Mané Dendê, que visa beneficiar diretamente 10 mil habitantes e outros 35 mil de forma indireta no subúrbio. “Já é um programa amplo, que busca a readequação do espaço, que foi utilizado de forma não adequada. Então vem a questão urbanística, habitacional, ambiental. Tenho muita esperança que será um modelo piloto para ser replicado em outras áreas da cidade. Está em tratativas desde 2016 e em breve, o município estará entregando à cidade”, garantiu.
Foto: Tiago Caldas – AGECOM
Ações
Por sua vez, a subcoordenadora do Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), Nicoly Lima, destacou que entre as ações adotadas com o objetivo de minimizar a ocorrência de acidentes, existe a instalação de sirenes de alerta e alarme em áreas de risco da capital.
Atualmente, estão em operação, 11 sirenes em dez áreas de risco: Alto da Terezinha – Mamede I e II (2 sirenes), Bom Juá (1 sirene), Calabetão (1 sirene), Capelinha – Vila Picasso (1 sirene), Liberdade – Pedro Ferrão (1 sirene), Lobato – Voluntários da Pátria (1 sirene), São Marcos – Baixa de Santa Rita (1 sirene), Castelo Branco – Moscou (1 sirene) , São Caetano – Baixa do Cacau (1 sirene), Sete de Abril – Bosque Real (1 sirene).
As sirenes integram o Sistema de Alerta e Alarme da Codesal que é acionado quando o acumulado de chuvas atinge 150mm em 72h, com o objetivo de alertar os moradores e evacuar famílias em função do risco de deslizamento de terra devido as fortes chuvas que atingem a capital baiana.
“Nós temos ações de prevenção, de mitigação, de preparação e de resposta. Uma dessas ações é o mapeamento de áreas de risco, não apenas identificar, mas também monitorar através de vistorias. Temos também a colocação de lona plástica em encostas que tenham risco de deslizamento”, explica Nicolly.
Além disso, a subcoordenadora aponta que houve a criação do Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil de Salvador (CEMADEC), para alertar a população sobre as situações de riscos iminentes associados aos eventos extremos de chuva, bem como o mapeamento de áreas de risco, que são monitoradas constantemente para detectar possíveis alterações do grau de risco.
Segundo o órgão, a rede de monitoramento é composta por 71 Plataformas de Coleta de Dados – PCDs, sendo 48 estações pluviométricas, quatro estações hidrológicas, 4 estações meteorológicas e 15 estações geotécnicas.
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