Medalhista de ouro em Tóquio, Hebert Conceição quer combater todos os preconceitos
Sobre carreira no boxe, baiano ainda não sabe se iniciará um novo ciclo olímpico ou se vai lutar profissionalmente
Medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com direito a nocaute na categoria peso médio (até 75 kg) do boxe, Hebert Conceição, 23 anos, ainda não sabe qual será o seu futuro na modalidade esportiva: continuar no amador, em um novo ciclo olímpico, ou investir na carreira profissional.
No entanto, existe uma luta fora dos ringues. E o baiano, guerreiro que é, não se opõe: quer combater todos os tipos de preconceitos.
“Tento ser um cara muito correto. É algo natural meu, de ser honesto, correto, de sempre tratar as pessoas com respeito. E saber que o que conquistei e o meu jeito de ser vai inspirar outras pessoas, que vou representar outras pessoas, me deixa muito feliz. Hoje, quero poder usar a minha influência para combater os mais diversos preconceitos que a gente vive”, explicou.
Sobre o Novembro Negro, Hebert fala que é um período para refletir: “Para lembrar de tudo que o povo negro já passou e do quanto estamos tentando e conseguindo superar as dificuldades. Lembrar também que a gente precisa ainda manter os combates e manter o posicionamento contra esses tipos de preconceito”.
Ele complementa: “É uma data especial que põe esses gatilhos na população para vencer os mais diversos preconceitos no nosso país. Precisamos viver num mundo mais igual, nossa raça no fundo é a raça humana, sem divisão de cor e de classes sociais. Somos todos iguais”.
Filho de Jorge Luis, 55 anos, e de Ieda Carvalho da Conceição, 61, Hebert é um ‘cara família’. Noivo de Hellen Fernandes, 22, o esportista diz que fora dos ringues, é uma pessoa muito simples.
“[Sou do povo, brincalhão, comunicativo, que fala com todo mundo, faz amizade fácil. Valorizo os momentos especiais, de ficar em casa com a família, de almoçar em família, de jogar bola com os amigos, descontrair. Também gosto de ficar sozinho, ter um sossego. Sou um cara do povo, gente da gente”, descreve.
Objetivo para os próximos anos
Ainda com futuro indefinido no boxe, Hebert diz não ter preferência entre seguir em um novo ciclo olímpico ou buscar um cinturão profissional. “Vai depender do que for melhor para mim, principalmente no quesito financeiro”, explicou.
A definição está em análise. “Até janeiro, tomarei a minha decisão, ou até o final de dezembro, mas sigo me preparando. Continuo treinando forte. Não posso parar, perder tempo. Quero estar preparado para quando vier algo marcado [uma luta]”.
Mesmo com a brilhante conquista no Japão – venceu com um incrível nocaute um combate praticamente perdido diante do ucraniano Oleksandr Khyzhniak -, no dia 7 de agosto deste ano, Hebert conta que pouca coisa mudou fincanceiramente na sua vida.
O morador do bairro de Pau da Lima diz que a fama e o ouro trouxeram alguns trabalhos.
“Só me deu um pouco mais de visibilidade. Fiz campanhas publicitárias onde pude capitalizar, além de fazer algumas palestras motivacionais, contando a minha história, isso me fez capitalizar também. Mas tudo segue como antes, construindo a minha vida financeira. Sigo tentando ajudar a mim e à minha família mais próxima, pois sou de família humilde”, explicou o baiano.
E Hebert sabe que as coisas sempre foram conquistadas com superação. Ele lembra, por exemplo, de episódios de racismo em algumas de suas inúmeras viagens internacionais. “Sou muito antenado e percebo muitas coisas. A gente percebe o tratamento quando a gente é negro, é pobre, principalmente quando a gente é do boxe”, contou o lutador.
“Eu, que conheço mais de 20 países, tenho algum direito de sentar numa fila preferencial por viajar bastante. Aí, chega um funcionário e fala que a sua fila não é essa. E quando você diz que é categoria diamante, platinum, o funcionário se surpreende. São alguns tratamentos, algumas coisas, que a gente percebe que é tratado com diferença. Essas situações me deixam triste por dentro, mas isso me deixa ainda mais motivado pra vencer e poder mostrar que a gente também é capaz”, afirma.
“Eu mereço pra c……!”
Entre uma vitória e outra na Olimpíada de Tóquio, Hebert Conceição comemorava com desabafos. Em um deles, o lutador baiano olhou para as câmeras e gritou: “Sou medalhista olímpico. Eu mereço pra caralho!”
Ele explica: “É justamente por saber o que passei, lembrar de tudo que tive que abdicar, tudo que a gente superou. Chegar e ver que tudo isso valeu a pena não tem sensação melhor, foi um desabafo mais que verdadeiro. É uma sensação tão indescritível que a gente perde a noção e extrapola na emoção”.
Ganhar o ouro, então… “Foi único. Um momento incrível. Subir no pódio no lugar mais alto, escutar o hino do seu país, saber que você representou muito bem a sua nação, que deixou uma legado positivo para todos, é muito gratificante”, detalhou.
“Fico muito feliz em saber que minha conquista proporcionou uma felicidade em muita gente que estava passando por algum momento difícil, complicado”, complementou o baiano.
Pequenas metas para chegar ao topo
Para chegar ao auge no esporte, Hebert trabalhou duro. Os treinos começaram aos 14 anos. Quando houve renovação do ciclo olímpico, após a Rio-2016, o lutador baiano se mudou para São Paulo, onde treinou de 2017 a 2021. Atualmente, ele pratica seus golpes na Academia Champion, no bairro Cidade Nova, do famoso professor de boxe Luiz Dórea, onde tudo começou.
Subir ao lugar mais alto do pódio e escutar o Hino do Brasil em uma Olimpíada era o grande sonho de Hebert. Para alcançar tamanha conquista, ele focou em pequenas metas.
“Sempre fui um atleta muito disciplinado, sempre treinei muito. Colocava pequenas metas diárias para alcançá-las e assim me aproximar ao máximo dos objetivos maiores”, explicou o lutador.
A rotina no boxe continua a mesma, com treinamentos duas vezes por dia e muita entrega.
“São dois períodos de segunda a sexta, sábado é um período. Durante a tarde é voltado para a preparação física. Pela manhã, técnico e tático. Aos sábados, são dois em um. No domingo descanso”, detalhou.
Mas, muito além de deixar o suor no ringue, Hebert Conceição deixa de fazer várias coisas.
“Abro mão de tudo que um jovem, que um ser humano da minha idade poderia fazer. Minha prioridade é sempre meu treinamento. No meu descanso, tento abdicar ao máximo de poder sair, de perder noite, essas coisas. A única coisa que adapto nos treinos para poder frequentar é a Fonte Nova em dias de jogos do Bahia, isso quando estou em Salvador”, lembrou o torcedor tricolor.
Nesta sexta-feira (26), o Bahia encara o Grêmio, às 19h, em jogo decisivo na briga para permanecer na elite do Campeonato Brasileiro. Agora embaixador do clube, é claro que Hebert vai marcar presença na Arena.
“Jogo difícil, mas a gente não tem outra opção a não ser acreditar. Sexta tem que ganhar de qualquer jeito, não há outra possibilidade”, apelou.
No último 17 de novembro, o lutador baiano assinou contrato para ser embaixador do Esquadrão. Agora, Hebert vai ajudar o clube a se aproxinar da torcida azul, vermelha e branca, que poderá contar com o apoio do lutador e torcedor para ter mais voz no Esporte Clube Bahia.
Hebert agora é embaixador do Bahia. Crédito: Reprodução / Instagram.
O posto foi ocupado pelo humorista Jotinha até a sua morte, em decorrência da Covid-19. A responsabilidade, de acordo com Hebert, é imensa.
“Estou muito feliz. Jotinha é insubstituível. Para ocupar um lugar que ele ocupou tem que ter o mesmo carisma, ser um cara exemplar, assim como ele foi, então é uma missão grande”.
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