Mamadou Gaye deixa gestão da Aliança Francesa na Bahia

Após ficar um período à frente da diretoria da Aliança Francesa na Bahia, o senegalês naturalizado francês, Mamadou Gaye, que chegou à Salvador em 2017, deixa o cargo, mas com planos de continuar no Brasil.

Ele falou sobre os desafios de encarar a missão, encerrada em meio a pandemia de covid-19. “Amei a missão. A minha gestão foi particularmente desafiadora por conta da pandemia. Tivemos que nos reinventar ainda mais e isso foi ótimo”, avaliou.

Mesmo com a crise sanitária, as atividades na instituição, localizada na Ladeira da Barra, não foram interrompidas – as aulas seguem presenciais até o final do ano. O resultado das diversas ações pode ser conferido em uma pesquisa de satisfação, realizada junto aos alunos da Aliança, que apontou uma aprovação do curso superior a 96%. 

“Nossa abordagem parte do pressuposto de que, não apenas o professor, mas também os alunos têm algo a contribuir partindo do seu próprio repertório. A formação envolve todos e a contribuição de cada um é muito importante”, defendeu Gaye.

Para compensar a falta de contato presencial, a equipe investiu em tecnologia, novos métodos de ensino e na interação para manter a comunicação e interação com os alunos. “Nossas aulas online são muito boas hoje, depois de quase dois anos de experiência e muitas formações para os professores”, diz o ex-diretor.

Ações sociais e culturais, como o evento virtual Diálogos Contemporâneos entre África e Ocidente e a iniciativa que beneficiou moradores da comunidade de Vila Brandão com cestas básicas, uniram e engajaram os alunos não só no curso de idioma, mas em momentos de cultura, alegria e solidariedade.

Outras iniciativas de inclusão foram adotadas, como oferta de bolsas de estudo integrais e adoção de uma política de adequação de valores das mensalidades e facilidade de pagamento. A estratégia tinha o objetivo de tornar a escola mais acessível a todos que desejam se aproximar do idioma e da cultura francesa sem sair da Bahia.

Internamente, o clima de cooperação e aprendizado era ainda maior. Ao invés de uma gestão centralizadora, decisões coletivas e compartilhadas só aumentaram a confiança entre os membros da equipe. 

Mamadou avalia que sua principal contribuição foi poder se colocar a serviço da equipe, orientar, acolher, dividir poder para empoderar cada colaborador para que se sentisse responsável pela sua própria missão.

“Minhas raízes africanas me ajudaram muito. Nasci no Senegal, cresci vendo a comunidade, a contribuição de cada pessoa do grupo ser valorizada. Quando a gente divide o sentido geral do trabalho com todos, o efeito da ação individual tem impacto positivo no coletivo. O ecossistema torna-se favorável a bons resultados”, explica.