Indígena é assassinada após conflito com fazendeiros no extremo sul do estado

Dois fazendeiros foram presos e autuados por homicídio e tentativa de homicídio

redacao 22/01/2024 09:08 • Cidades

Uma indígena foi morta e outros ficaram feridos na manhã deste domingo (21) após uma ação de um grupo denominado “Movimento Invasão Zero”. O caso aconteceu no território de Caramuru, em Potiraguá, no extremo sul da Bahia.

A indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade foi assassinada com disparos de arma de fogo e o cacique Nailton Muniz Pataxó foi atingido no rim. Ele passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Além deles, uma mulher teve o braço quebrado. Outros feridos foram hospitalizados, mas não correm risco de morte

Dois fazendeiros foram presos e autuados por homicídio e tentativa de homicídio. Quatro armas de fogo e munições foram apreendidas com a dupla. As pistolas e revólveres foram encaminhados ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), para perícia.

Equipes de unidades especializadas das Polícias Militar e Civil foram enviadas pela Secretaria da Segurança Pública para a região. O objetivo é impedir novos conflitos entre indígenas e ruralistas, além de auxiliar na investigação dos crimes graves contra a vida.

O governador do Estado se pronunciou através de um vídeo, repudiando veementemente o ato e convocando toda a cúpula de segurança pública para enfrentar os desafios presentes na região.

“Convoquei uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos e Igualdade Racial para tratar dos acontecimentos que resultou na morte de uma indígena. Meus sentimentos, minha solidariedade, a família da indígena, assim como toda comunidade indígena da Bahia e do Brasil, e quero afirmar aqui, é inaceitável, nós não vamos aceitar qualquer tipo de violência contra qualquer comunidade na Bahia e no Brasil, e quero afirmar e garantir aqui a apuração e a punição dos culpados.”

Diante do cenário, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, planeja chegar a região nesta segunda-feira (22), acompanhada por agentes da Polícia Federal e autoridades federais e estaduais. Em nota, a ministra através do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, afirmou que está acompanhando a situação na região desde que recebeu as primeiras informações.

Também em nota, o Ministério dos Povos Indígenas informou que cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram através de um chamado de WhatsApp, que convocava os fazendeiros e comerciantes para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas. Eles cercaram a área com dezenas de caminhonetes.

Segundo a Polícia Militar (PM), durante o conflito um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável.