“Falta prioridade do Governo Federal com a pauta educacional”, diz Adriana Marmori

A nova reitora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Adriana Marmori, em entrevista ao Portal M! dispara que “falta prioridade do governo federal com a pauta educacional” do país.

“Quando a gente coloca como prioridade em relação a tudo, à formação de pessoas, aos programas de formação de pessoas, ao financiamento dessa educação, às articulações de grande impacto educativo dentro do nosso país, a valorização principalmente de quem trabalha na educação, que são os docentes… A gente parte do princípio que se não temos a valorização docente, a educação não funciona, como também de toda a cadeia que trabalha no âmbito do sistema educativo. Os técnicos, as merendeiras, os porteiros”, ressaltou.

A nova reitora avaliou ainda o impacto da pandemia e a retomada do modelo presencial na Instituição que está presente em 26 municípios, com 32 departamentos.

“Eu vejo que por ser uma universidade multicampi, em 26 municípios, além dos municípios que são atendidos pelos programas especiais, a exemplo da Plataforma Freire, dos cursos na modalidade à distância, nós chegamos a aproximadamente 40 municípios. E cada cidade tem a sua especificidade do ponto de vista sanitário, do ponto de vista do avanço da Covid-19 nesses lugares. Isso tudo precisa ser muito bem avaliado”, disse.

“Qualquer decisão da nossa universidade a ser tomada será amplamente dialogada, discutida, no âmbito dos conselhos superiores da nossa universidade, que é quem define esse retorno. Então nós temos também a experiência positiva das atividades remotas, realizadas com a mediação tecnológica, e eu creio que isso é algo que vai perdurar em várias práticas docentes, inovações pedagógicas e que a gente vai considerar também. De fato, nenhum retorno se dará sem esse amplo debate, sem esse planejamento estratégico considerando todas as regiões onde a UNEB está inserida”, completou.

Adriana ressaltou ainda que chegada a hora de falar em investimentos em tecnologias para diminuir as desigualdades que existem na Bahia.

“Não só na Bahia, mas em termos de Brasil, se formos analisar as críticas de inclusão digital e de formação de pessoas para o uso das mídias digitais na educação, isso se deu nos anos 1990 com o ProInfo que foi um grande programa. De lá para cá são poucas as iniciativas e políticas públicas que foquem de fato nas pessoas, na conectividade, na questão do acesso à rede pública, WiFi, em diferentes lugares”, pontuou.

“Corremos contra o tempo do ponto de vista institucional, as pessoas se reinventaram, se ressignificaram para não pararmos as atividades acadêmicas e também utilizando as mídias, mas de fato hoje é um outro olhar que a gente precisa dar para a conectividade, para o uso das mídias, para o acesso à rede, à internet, à banda larga livre para as pessoas. Isso que precisa ser visto enquanto política pública também, para além das iniciativas institucionais”, prosseguiu.

“Na Uneb nós tivemos editais de conectividade dos nossos estudantes, até porque nós temos consciência a partir de uma pesquisa que foi realizada que a maior parte dos estudantes da graduação são estudantes em situação de vulnerabilidade, são estudantes que residem em lugares de difícil acesso, tanto acesso também a telefonia móvel com qualidade para acessar as aulas. Então é algo que a gente precisa sim avaliar. E fomentar a utilização a partir de políticas institucionais e também cobrar que as políticas públicas deem essa necessidade imperiosa tanto de equipamentos, quanto de conectividade e de formação”, finalizou.