Estudantes de Medicina fazem paralisação e ocupam Unidompedro Patamares após retirada de desconto

Alunos do primeiro e segundo semestres do curso de Medicina da Unidompredro, em Patamares, ocuparam a faculdade depois de ficarem cientes de que um desconto de 25% no valor do curso será retirado. 

“A gente tinha o desconto em razão da pandemia e eles retiraram. A gente está em greve desde quarta-feira (4), estamos parados, suspendemos as aulas. A gente acha que esse desconto é compatível com a estrutura. São 282 alunos parados, adesão massiva de 98%”, explicou um aluno, sob anonimato.

Uma outra estudante do curso, que também não se identificou, deu mais detalhes: “A faculdade custa R$ 10 mil, e estava com um desconto de 25% que vai ser interrompido. A partir de janeiro, todo mundo pagará 10 mil reais”. 

Para os alunos, o problema não é o aumento, e sim a falta de estrutura para que tal valor seja cobrado.

“A estrutura da faculdade deixou muito a desejar. Quando as pessoas fizeram a matrícula, foi dito que a faculdade tinha um hospital próprio, e não tem. As instalações são bem precárias, falta sala pra fazer prova, tem que dividir turma. Faltam materiais nos laboratórios, tem material vencido, uma série de questionamentos”, complementou. 

Uma assembleia foi realizada, mas nada adiantou.

“Eles se reuniram, fizeram assembleia com os dirigentes da faculdade e eles foram firmes em dizer que não dariam desconto nenhum e que a estrutura seria essa nos próximos três anos. Criou uma revolta muito grande, muitos alunos ocuparam a faculdade, na sala da recepção”, detalhou, ainda sob anonimato, a mesma estudante.

“Está tendo matrícula de novos alunos, teve vestibular domingo (7), ou seja, não tem estrutura pra manter e ainda vai receber mais pessoas em fevereiro. A intenção [do movimento] não é dizer que a faculdade é ruim, apenas dizer que não tem a estrutura prometida e que o valor da concorrência, com uma megaestrutura, é o mesmo”. 

Por meio de nota, os alunos explicaram que o valor pago este ano é suficiente. “Entendemos como plausível e acertado que o percentual de desconto, 25% sobre o valor da mensalidade, permaneça intacto para os alunos do primeiro ano do referido curso, por sermos os pioneiros do funcionamento do já mencionado curso”, diz trecho do comunicado.

A reportagem tentou entrar em contato com a Unidompedro, mas não obteve êxito até a publicação desta matéria.

Confira a íntegra da nota dos alunos:

“Na qualidade de alunos do primeiro ano do curso de Medicina do Centro Universitário Dom Pedro II, nos manifestamos através da presente nota acerca das manifestações iniciadas no último dia 04/11/2021.
Ao iniciarmos o curso de medicina no aludido centro universitário, nos foi concedido o percentual de 25% de desconto sobre o valor cheio da mensalidade, sob alegação de que se tratava de benefício decorrente da pandemia.
Contudo, ao iniciarmos as aulas e nos depararmos com a estrutura física disponibilizada pelo curso, percebemos que o desconto, então ofertado, tornava o preço da mensalidade justo e compatível com aquilo que nos deparamos. É dizer, o valor da mensalidade praticado pela instituição sem o referido desconto seria incoerente e desarrazoado, sobretudo se comparado com a concorrência.
Nesse sentido, entendemos como plausível e acertado que o percentual de desconto, 25% sobre o valor da mensalidade, permaneça intacto para os alunos do primeiro ano do referido curso, por sermos os pioneiros do funcionamento do já mencionado curso, ou seja, estamos enfrentando batalhas, que acaso sejam solucionadas, já não serão travadas pelos próximos alunos.

A despeito da justificativa dada pela instituição, de que o desconto somente seria concedido enquanto durasse o momento de pandemia, ressaltamos que não só a nossa cidade, mas todo país, ainda se encontra em latente contexto pandêmico, tanto que diversos casos de Covid-19 foram confirmados dentro do nosso campus universitário. Nesse cenário, tem-se mais um motivo, e dessa vez não só moral, como também  jurídico e legal, pelo qual o desconto deve ser mantido. Ainda sobre o tema desconto/pandemia, destacamos que os efeitos da Covid-19 ainda serão sentidos durante muitos e muitos anos até que se estabeleça uma situação econômica plena no Brasil.

Diante de tudo quando aqui demonstrado, observa-se que, sobre qualquer primas que se aborde, a manutenção do desconto é medida mais que justa a ser adotada pela instituição.

Por fim, informamos que acreditamos na qualidade da coordenação acadêmica do nosso curso bem como nas futuras melhorias da instituição, e justamente por assim entendermos é que lutamos pela manutenção do nosso desconto. Infelizmente, enquanto a faculdade permanecer com uma postura engessada, também permaneceremos firmes na nossa manifestação”.