“Estamos diante do drama do sofrimento humano”, afirma D. Sérgio da Rocha sobre a pandemia

Designado pelo papa Francisco para substituir D. Murilo Krieger como arcebispo primaz do Brasil, o cardeal D. Sérgio da Rocha está em Salvador desde o mês de março, período de início da pandemia da Covid-19. Ao Portal M!, D. Sérgio disse que estamos diante do drama do sofrimento humano.

Em alusão ao personagem bíblico Jó, que sofria porque era um homem justo no meio de tantas situações difíceis, D. Sérgio explicou: “Nós temos situações que, de alguma maneira, nos colocamos como Jó. Uma primeira atitude é do Jó, que diante do sofrimento se questiona. Questiona a Deus, questiona a seus amigos, questiona a si próprio. Só que nós também, diante do sofrimento, diante dessa pandemia, temos nos inspirado, e devemos nos inspirar no Bom Samaritano”.

Segundo o líder católico, a grande resposta ao sofrimento humano não é simplesmente intelectual. É preciso refletir sobre as razões da aflição, “mesmo porque existem muitas situações de sofrimento que poderiam ser evitadas, ou que ao menos podem ser suavizadas, senão superadas inteiramente”, disse.

“Então refletir sobre causas do sofrimento sempre [é necessário], mas é preciso ter presente que não basta uma simples explicação do sofrimento humano. As atitudes de solidariedade, de serviço pessoal ou comunitário são fundamentais”, completou.

Por fim, D. Sérgio da Rocha ressaltou que uma pandemia necessita de respostas das pessoas, da sociedade civil organizada, e da parte dos governos, das autoridades, “que têm o seu papel e a sua responsabilidade”.

“É claro que necessitamos de respostas maiores. Então nós temos aqui sem dúvida questionamentos da pandemia que têm a ver com aquele Jó que se questiona, mas também do Jó que encontra em Deus a resposta última, o sentido último para sua dor. A força para superar o momento difícil. E o Jó que cede lugar ao Bom Samaritano. É preciso que o Jó que existe em nós se levante como um Bom Samaritano faz para abraçar, para estender a mão, ainda que não fisicamente, mas para estender a mão, para abraçar quem está caído, quem está mais sofrido. Então, no tempo da pandemia, a Igreja tem oferecido primeiramente a luz da fé. É com a luz da fé, com a força do amor de Deus que nós vamos vivendo e superando as dificuldades desse tempo”, finalizou.