Del Feliz acha injusto que cidades com dificuldades paguem quase R$ 1 milhão a artistas

Em meio à recente polêmica envolvendo os altíssimos cachês pagos a artistas por pequenas cidades do interior, o cantor Del Feliz é categórico ao afirmar que não acha justo o pagamento de quase R$ 1 milhão por municípios que vivem em dificuldades. 

Em entrevista nesta quinta-feira (16) ao programa Nova Manhã, da rádio Nova Brasil FM (104,7 FM), comandado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, o cantor afirmou que todos os seus shows no período junino terão um único cachê, independentemente da cidade.

De acordo com o forrozeiro, não faz sentido que cidades que não possuem esgoto, assistência social mínima, ruas pavimentadas e infraestrutura estejam pagando quase R$ 1 milhão de cachê a artistas.

“Não acho justo que uma cidade que vive momentos de dificuldades pague quase R$ 1 milhão de cachê, e não quero entrar no mérito se ele [o artista] merece ou não. Mas uma cidade que não tem esgoto, assistência social mínima, pavimentação, zelo na sua infraestrutura, cuidado com as pessoas… e você oferece, a pulso, a ideia de que elas tão pagando um cache desses. O bom senso é sempre bem-vindo”, ponderou.  

Del afirmou que se orgulha da prudência adotada por ele na cobrança dos cachês.

“Essa é a ética de todos os meus shows no período junino, que têm um único cachê, não tem cidade rica ou pobre. Eu ouvi que deveria ter subido, mas não tenho do que reclamar. Em algumas cidades, já houve casos de falarem de Del Feliz, que cobrava apenas um valor X, enquanto outros teriam cobrado cinco vezes mais. Por isso, eu prefiro falar da minha trajetória, de 22 anos, das coisas acontecerem devagar”, afirmou.

O artista, no entanto, ressaltou que não gosta de fazer julgamentos porque, às vezes, o cantor pode ter uma trajetória diferente, pode ter participado de algo inusitado que faz aquela fama.

“Tem situações que são muito delicadas e precisamos ter cuidado ao falar, mas não me abstenho, e acho que precisamos abordar. Todos temos responsabilidade. As festes juninas foram espetacularizadas, saíram das casas e se transformaram em um espetáculo da praça publica, depois passaram a ser invadidas pelo setor privado” avaliou.

Para ele, é difícil conter esse cenário, em função da iniciativa privada. No entanto, Del ponderou  que essa mercantilização em torno do São João tem deixado a tradição de lado.

“É inevitável que o comercial adentre esses espaços. Só acho que a medida acabou sendo muito grande na transformação da festa, que não é mais tão tradicional assim, e se abordamos quais seriam os interesses, é complexo. Mas, se pegar a trajetória de alguns artistas, tem pessoas que saíram de R$ 20 mil para R$ 300, R$ 400 mil. É, no mínimo, estranho”, disse.

Cobrança quanto à vacinação

O cantor também falou sobre o recente aumento no número de casos da Covid-19. Segundo ele, embora seja fundamental celebrar, é importante enfatizar a importância da vacinação. O artista, inclusive, cobrou da classe artística mais atitude para conscientizar a população sobre a imunização e os cuidados relativos à pandemia.

“É natural que queiramos celebrar, mas mesmo na condição de artista, tenho puxado essa abordagem. Acho que é um responsabilidade de todos chamar a atenção de que a vacina é fundamental. É impensável que alguém ainda hoje tenha dúvidas sobre a vacinação, e as pessoas ainda estão morrendo. Toda perda é significativa, centenas, a grande maioria são de pessoas que não cuidaram do seu ciclo vacinal”, apontou.

Del também ressaltou a necessidade redobrar os cuidados para evitar que novos casos surjam após os festejos. Ele, inclusive, afirmou que não veria problemas em tocar para um público em que todos estivessem usando máscaras.  

“É elementar que aproveitemos para curtir um pouco, mas é fundamental ter a consciência de passar para as pessoas os cuidados, mais do que a vacinação, que é óbvio que todos cumpram. Além disso, que tenha outros cuidados, principalmente quem tem comorbidade, que vá para a festa, use a máscara, porque implica em se proteger e proteger o outro”, recomendou.

“Passamos dois anos sem festa, acho que não seria sacrifício que todos curtissem a festa de máscara. Acharia lindo se chegasse em uma praça e encontrasse todos de máscara, mas a maioria das pessoas não pensa assim. Penso que os artistas devem falar sobre isso, até no palco”, complementou Del Feliz.

Confira a entrevista completa: