Coordenação de Educação Escolar Indígena empossa coordenadora

Através de ato publicado no Diário Oficial do Estado, na última sexta-feira (11), a Coordenação de Educação Escolar Indígena, da Diretoria de Educação e suas modalidades, da Superintendência de Políticas para a Educação Básica, da Secretaria de Educação do Estado da Bahia nomeou sua nova gestora, a professora Adenilza Kiriri.

O cargo, desde a sua criação, é exclusivamente ocupado por indígenas e garante a gestão do sistema de educação escolar indígena nos aspectos pedagógicos e administrativos. A nova coordenadora mora na aldeia Baixa da Cangalha, é militante do movimento indígena desde 1996 e participa ativamente da luta em defesa dos direitos indígenas, incluindo a educação pública, de qualidade e com diversidade cultural.

Adenilza é licenciada em Letras (Faculdade Dom Luiz de Bragança) e em Pedagogia Indígena (LICEEI- Universidade do Estado da Bahia Uneb/Paulo Afonso) e é professora indígena do ensino médio no Colégio Estadual Indígena kiriri Indio Feliz, no Território kiriri, aldeia Cajazeiras, Alto da Jurema, Banzaê, Bahia. Ela é bolsista do programa “Saberes indígenas”, orientadora e pesquisadora do Centro de Pesquisa Opará da Uneb, Campus VIII. Na comunidade da aldeia de Araças, ela atua como secretária da Associação Nossa Senhora Rainha da Paz.

Adenilza destaca o papel da coordenação na valorização das tradições culturais indígenas, respeitando a diversidade de cada povo. “Nossa prioridade é levantar todas as ações realizadas, pontuar as questões pertinentes na parte pedagógica e administrativa para acompanhar e coordenar as questões que são prioridades nas unidades escolares junto aos gestores e coordenadores.” afirmou. Dentre as propostas de sua gestão estão: valorizar programas educacionais para os estudantes em todos os segmentos, apoiar os estudantes universitários, promover cursos de formação e capacitação para professores, dialogar com o movimento indígena, governos municipais e estadual, criar estratégias para melhor desenvolver o compromisso com o trabalho.
    
Desafios na pandemia

Atualmente, na Bahia, a Educação Escolar Indígena é desenvolvida em 103 espaços escolares e 48 salas anexas e contempla 6.961 estudantes de 15 etnias que habitam em 130 comunidades indígenas.

A nova gestora da Coordenação de Educação Escolar Indígena apontou os desafios impostos no contexto da pandemia da Covid 19. “Causou um grande impacto no processo administrativo e pedagógico das escolas indígenas, é um desafio desenvolver um trabalho de forma remota nas comunidades de povos tradicionais, enfrentar o distanciamento social dentro da realidade indígena é um diferencial que estamos nos adaptando. O trabalho vem sendo realizado com a entrega de material impresso, é um grande desafio o acesso às novas tecnologias por parte dos estudantes e gestores. Estamos lutando para que o nosso acesso às tecnologias e ao transporte escolar melhore nesse momento de pandemia”, declarou.

Sobre as ações de inclusão digital da Secretaria Estadual de Educação, Adenilza informou que o acesso à internet nas escolas está sendo suprido, mas ainda não é 100% para todos os profissionais e estudantes da rede, apesar do empenho pela melhoria por parte do governo estadual. Ela ressalta que a dificuldade é a distância entre as aldeias e as unidades escolares, além do transporte escolar que é insuficiente para o atendimento de toda demanda com mais eficácia, devido ao deslocamento dos estudantes das residências até as escolas. 

*O texto é uma colaboração da jornalista e assistente social Cláudia Correia