Armandinho critica possível saída do circuito Barra-Ondina: “Não apoio dessa forma radical”

Uma possível mudança do tradicional circuito Barra/Ondina do Carnaval de Salvador para a Boca do Rio vem gerando polêmica entre a população e a classe artística. O cantor e multi-instrumentista Armandinho opinou em relação ao assunto. Para o músico, a mudança não deveria ser feita de forma radical.

“As coisas acontecem muito naturalmente. O Carnaval foi saindo do centro da cidade e indo pra Barra, até a gente começou de certa forma migrar quando tinha um trio mais livre que não tinha fila, muitas vezes saímos do centro e indo pra Barra, isso foi crescendo e se descobrindo. Hoje, a Barra é um cartão-postal da Bahia, toda aquela avenida tem um significado, nasceu de forma natural e espontânea, os músicos e artistas foram descobrindo, o povo aderindo e virou um grande Carnaval que é”, disse Armandinho, em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã da rádio Nova Brasil FM, nesta sexta-feira (16).

O compositor baiano afirmou que essa possibilidade de mudança do Carnaval só iria favorecer os empresários e donos de camarotes.

“A ideia de criar um Carnaval, se fosse na cidade baixa, em um lugar mais característico, como Elevador Lacerda, eu veria até mais de uma forma autêntica. Mas, transferir para a orla, seria fazer uma fila de camarotes de um lado a outro, e ficaria igual ao Fortal, Pré-caju, que são festas que limitam a entrada, porque esses carnavais são assim. Fica uma segurança na qual só entra os blocos com o público deles, Só iria ser bom para os empresários e donos de camarotes”, explicou.

Armandinho afirmou também que até poderia se pensar em uma mudança mais autêntica, mas o Carnaval baiano deve permanecer no tradicional circuito.

“Não vejo isso de uma forma bonita e representativa de jeito nenhum. Graças a Deus pararam com essa discussão e o Carnaval continua na Barra, até que se projete uma coisa que naturalmente aconteça. Dentro dessa forma, não vejo com bons olhos.”

Questionado sobre o formato atual da folia e suas transformações, o artista fez um panorama sobre a evolução do Carnaval.

“O Carnaval de Salvador tem constantes mudanças, o trio elétrico vem sofrendo essas transformações e ele [trio] em si transformou o Carnaval. A vida musical é muito difícil e incerta, precisa criar espaços que ofereçam trabalhos e possibilidades de sobrevivência. Isso é muito bacana e importante. O trio elétrico hoje em dia, é uma indústria e depois das transformações, como a do Axé Music, a coisa começa a virar um produto de mídia e o Carnaval começa a se interar. O trio é um carro de tecnologia, tudo que é novo chega até a ele”, comentou.

Confira a entrevista na íntegra: