Aloysio Nery diz que problemas psicológicos enfrentados por alunos na pandemia merecem atenção continuada da rede escolar

As dificuldades financeiras provocadas pela pandemia da Covid-19 fez muitos pais de estudantes remanejarem seus filhos de instituições privadas para públicas, como alternativa para encontrar o equilíbrio financeiro de suas famílias. Para o diretor do Sartre SEB de Salvador, Adolfo Aloysio Nery, este vem sendo um grande desafio. Entretanto, ele pondera que a fase pode ser atravessada de forma estruturada, se a unidade pertence a um grande grupo educacional. 

“É um desafio muito grande. Se você pertence a um grande grupo [como o SEB], esse grande grupo tem como fazer isso de forma estruturada e ter menos impactos nesse processo. A gente precisa ter um pouco de paciência porque essa retomada está só começando e nós vamos ter um tempo para que esses alunos se adaptem na questão socioemocional e na própria questão do desenvolvimento cognitivo”, afirma o diretor em entrevista ao programa Nova Manhã, da rádio Nova Brasil FM (104,7 FM), comandado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra. 

De acordo com o censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2021, os ingressos brasileiros no setor privado passaram de 9,1 milhões em 2019 a 8,7 milhões em 2020 e a 8,1 milhões em 2021. Mesmo diante a fase complicada da pandemia da Covid-19, Nery diz que o Sartre -integrante do SEB, um grupo internacional de educação- tem apostado na tecnologia para garantir o histórico elevado de grande aprovação nos processos seletivos.  

“Nós tivemos uma aprovação que foi compatível com a aprovação dos outros anos. A gente imagina que todos estavam vivendo as mesmas dificuldades. Nós temos umas possibilidades tecnológicas que permitiram esses alunos conectarem com os programas”, explica. 

O diretor revela que os resultados positivos são fruto de estratégias adotadas ao longo da pandemia para criar uma estrutura que tivesse objetivo de minimizar os impactos do isolamento social e trazer a tecnologia para que os alunos pudessem ter melhor aproveitamento do ensino. 

“Nós somos uma escola que pertencemos em uma rede que investe muito em tecnologia. Rapidamente nós colocamos como fornecedores dessas soluções que as tecnologias nos trazem hoje e eles rapidamente tiveram as aulas dadas pelos próprios professores, nos mesmos horários. Isso realmente reduz aquela perda do programa, tanto que estamos celebrando uma aprovação nós vestibulares. A gente celebra esses resultados, mas lembrando que estamos diante de desafios, que deverão continuar sendo observados”, diz. 

Mudança da fase da pandemia 

Segundo Aloysio Nery, o processo da mudança de fase da pandemia com o retorno presencial nas escolas tem sido bem desafiador, sobretudo, na recuperação dos conteúdos dados em salas de aula.  

“Embora a tecnologia tenha nos favorecidos e durante esse período nós conseguimos fazer com que chegasse a eles a questão dos conteúdos via aulas online, a gente sabe que a questão presencial professor e aluno na sala de aula é insubstituível. Então a gente também tem cuidado bastante nessa recuperação desses conteúdos”, pontua.  

Um fator que o diretor chama atenção são as sequelas psicológicas que a fase ruim do coronavírus deixou nos alunos. Conforme ele, essa é uma preocupação que deve ser mantida e estendida nas unidades escolares. 

“Porque a nossa avaliação é que esse processo não vai ser resolvido em pouco tempo. Nós passamos dois anos com restrições e não vamos resolver isso agora no primeiro semestre. Estamos atentos a isso. Os educadores têm trabalhado de uma forma incansável na busca de processos que possam minimizar isso ao longo do tempo. Isso envolve também as famílias, que trazemos justamente nesse processo”. 

Confira a entrevista: