Recado dado

Por Adilson Fonseca*


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Ana Cristina 08/09/2021 08:00 Artigos

“A prosperidade ou a ruína de um estado depende da moralidade de seus governantes.”Thomas More (1478-1535) uma das figuras centrais do humanismo inglês. Jurista, membro do parlamento e chanceler no reinado de Henrique VIII, é autor da obra “Utopia”, onde criou uma sociedade ideal regida pela lei e pela religião.

No filme “O destino de uma nação – a hora mais negra”, de 2017, do cineasta Joe Wright, o primeiro ministro inglês, Winston Churchill, representado por Gary Oldman, Oscar de Melhor ator, revela a difícil decisão da Inglaterra em lutar sozinha contra o avanço das tropas de Adolf Hitler, que em 1940, já dominara toda a Europa. Dividido no Parlamento entre os que apoiavam um acordo de paz com a Alemanha, ou a resistência ao nazismo, Churchill resolveu ir às ruas para saber o que o povo pensava a respeito. E depois da plena acolhida, dentro de um metrô superlotado, ele toma sua decisão, que foi marcante para os destinos da humanidade.

Há quem tenha aversão ao chamado “cheiro do povo”. Outros, contudo, têm verdadeiro pavor a estar no meio do povo. Isso porque não consegue se imaginar em igualdade de posição, mas, principalmente, porque teme suas reações. O gestor público ou líder político, eleito para exercer determinado comando na sociedade, tem o dever de prestar contas aos que lhes delegaram tais funções. Se age corretamente e dentro das leis, não teme o contato popular. E sempre afere a sua gestão, estando no meio do povo.

No absolutismo, a figura mais emblemática foi o reinado de Luiz XIV (1643-1715), na França, conhecido como “Rei Sol”, a qual é atribuída frase “O Estado sou eu”. O Absolutismo fez com que reis e imperadores se enclausurassem nos seus castelos, porque não se sentiam povo e tinha medo do seu comportamento e reações. Vítima dos desmandos e arbitrariedades dos seus governantes, um dia esse povo reagiu e aquele poder absoluto ruiu, como com a eclosão da Revolução Francesa, em 1789.

No mundo atual, Brasil nele incluído, tem sido cada vez mais comum cenas de gestores públicos e líderes políticos evitando o contato com o povo. Não se vê governadores e prefeitos, assim como deputados e senadores, circulando em meio à população, e quando o fazem, se cercam de acólitos partidários. E isso acontece como decorrência das suas atitudes como gestores públicos, onde os desmandos, a malversação do dinheiro público e os crimes cometidos contra a população, os tornam desacreditados.  

Considerado (sic) líder da preferência nacional, conforme pesquisas dos grandes veículos de comunicação, o ex-presidente Lula, que teve os crimes pelos quais foi condenado em primeira, segunda e terceira instâncias, anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é um ícone desse medo que se tem do povo. A suposta preferência popular não se materializa no próprio candidato, que não sai às ruas, e até mesmo para frequentar uma praia, tem que se valer de um aparato policial para afastar o povo. Icônica, pois, a imagem do ex-presidente Lula em uma praia deserta no litoral nordestino, protegido pela polícia para evitar a aproximação de populares.

Todo líder político ou gestor público sabe que a melhor avaliação do seu trabalho é a receptividade ou não da população. Quando sua administração ou liderança está bem, ele faz questão de aferir essa aceitação junto à população, E quando nada vai bem, ele se recolhe, para não correr o risco dos apupos de desagrados. Apesar do avanço tecnológico, com o advento das redes sociais e plataformas digitais, a presença física do gestor público ou da liderança política junto à população, ainda continua a ser o maior aferidor da sua boa ou má gestão e liderança junto à população.

Na contramão do medo popular, o presidente Jair Bolsonaro, sem qualquer edição e restrição pública, onde quer que vá é bem recepcionado por uma multidão, cuja característica maior é a espontaneidade. Andando no meio do povo, quer seja na zona rural ou nos centros urbanos, o presidente afere em cada aparição, o sentimento da população com a sua figura e com o seu governo, como ficou bem claro nas manifestações do 7 de setembro.

Em 1940, ante a ameaça de invasão do país pelas tropas nazistas de Adolf Hitler, o primeiro ministro inglês, Winston Churchill, arriscou-se, sem qualquer aparato de segurança, a andar pelas ruas para aferir justamente o que o povo achava da guerra e de que decisão deveria ser tomada pelo governo. E, com a resposta, seguiu pelo caminho certo. O presidente Jair Bolsonaro inaugurou no governo a ouvidoria popular, que lhe dá respaldo para adotar ou não as linhas do seu governo. E temeu ir às ruas, pois sabe que lá, no meio da população, está o termômetro da sua popularidade. 

O recado foi dado.

* Adilson Fonseca é jornalista e escreve neste espaço às quartas-feiras.

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