Ou ressequida ou encharcada
Cerca de três ou quatro meses passados uma boa parte (25 por cento) dos 417 municípios da Bahia estavam sob decreto de calamidade pública por causa de um longo período de seca. Nem São José ajudou a debelar a seca e o que se viu – mesmo com toda ladainha, incenso, apelo e procissão – […]
Cerca de três ou quatro meses passados uma boa parte (25 por cento) dos 417 municípios da Bahia estavam sob decreto de calamidade pública por causa de um longo período de seca. Nem São José ajudou a debelar a seca e o que se viu – mesmo com toda ladainha, incenso, apelo e procissão – o milho secou e o feijão não brotou. Na realidade já fazia tempo que os lavradores de cidades como Quijingue e Canudos não viam a cor da chuva. Pelo menos chuva abundante, daquelas de molhar os olhos do sertanejo.
Passou a época de chuva na zona da caatinga, no Nordeste da Bahia – vez que período de chuva na região Norte começa em dezembro (diferente da época na capital Salvador que vai de março em diante) – e o povo do sertão já estava e se adaptara ao “Deus dará”. Mas não é que do nada, saindo por lá de trás dos morros surgem nuvens negras, como se fosse o Armagedon e começa a cair chuva temporã. Mas não sendo pouca chuva, foi chuva em demasia, bem mais e muito mais do que os milímetros que se esperava. Como sempre a chuva caiu onde não devia. Foi cair no Sul da Bahia onde não precisava tanto.
Na minha última leitura eram mais de cem casas que sumiram levadas pelas correntezas, oito pontes destruídas e sabe-se lá quantas vidas perdidas. Nas imagens da TV Bahia e do Jornal Nacional deu-se para ver que as enxurradas levaram, por exemplo, barragens de roldão. Daí fica uma pergunta danada e que ninguém responde: o que acontece quando um prefeito recebe a verba do seu deputado para a construção de uma barragem, uma estrada (muitas foram destruídas como se fossem de algodão doce)? Será mesmo que o engenheiro contratado para fazer estradas, pontes e barragens são diplomados ou algum parente do prefeito ou do secretário de obras que “tem jeito para a coisa” realizou.
A pergunta é por uma q questão óbvia. Se algum engenheiro vai fazer uma obra que leva a exigência de canos com certa bitola, ele deve saber quantos canos devem dar vazão à água, porque água nada respeita e com certeza vai sair pelos lados, pelas bandas, por cima. Daí qual o motivo de não fazer uma obra que seja mais abrangente, prevendo que um dia, sim, vai chegar água em dobro, como ocorreu agora. E por que as barragens têm sua estrutura que quando cai muita chuva derretem como Sonrisal? Qual o motivo da estrada estar sobre um rio e não ter vazão calculada para mais? São perguntas chatas até de se fazer. E cadê o Dnit? E a Seinfra? E o prefeito que devia observar? Estranho. Ou… nada estranho.
Até hoje lembro que quando criança ouvia as rádios pedindo aos baianos que doassem roupas, remédios e alimentos para a população de Cachoeira e São Félix, isso nos anos 1960. Não havia ainda a Barragem de Pedra de Cavalo. Os jornais estampavam fotos que chocavam a todos. A água do rio Paraguassu levando bichos, trazendo cobras, invadindo casas, cobrindo telhados. O povo ilhado. Eram cenas de terror que ainda hoje se repetem, como um péssimo remake. A Bahia não leva sorte: ou está ressequida, esgarçada, ou está imersa. E não é só culpa das agressões ao clima. Podes crer! São José já virou as costas. Podes crer!
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Jolivaldo Freitas é escritor, jornalista e publicitário
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