O tiro pela culatra
Por Adilson Fonseca
“A calúnia é um assassino moral,” – Henri-Benjamin Constant de Rebeque (1767 – 1830) foi um político, escritor e pensador francês. Teve uma grande participação na Revolução Francesa e era membro da Assembleia Nacional.
Procura-se, de forma desesperada uma narrativa para a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado (CPI da Pandemia). Mas uma que seja capaz de se sustentar ante a realidade contrária dos fatos, e que possa, pelo menor, durar pelos próximos três meses, causando os maiores estragos possíveis na reputação de pessoas e nas estruturas de governabilidade do País. Que ganhe as manchetes dos principais veículos de comunicação e que deixe incólumes, aos coordenadores da CPI, ou pelo menos no esquecimento, os crimes, denúncias e indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilhas que repousam nos tribunais.
O último projétil disparado pelos senadores Omar Aziz e Renan Calheiros, presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Pandemia) do Senado, respectivamente, causou estragos, mas não atingiu o seu alvo, que era o presidente da República, Jair Bolsonaro. A arma era a denúncia dos irmãos Miranda, deputado federal e servidor do Ministério da Saúde, de que alertara o presidente sobre corrupção na compra de vacinas, e que este, ao não adotar providências, teria prevaricado no cargo.
Sem qualquer lastro comprobatório, a denúncia foi aceita na CPI, reforçando um veredito já pronto antecipadamente, de que o presidente Bolsonaro é o grande culpado não só pelas mortes provocadas pelo coronavírus no Brasil, mas também pela corrupção que existiria no Ministério da Saúde. Só que a denúncia, no dito popular, foi um tiro que saiu pela culatra, que é quando acontece algo que é o contrário do que se esperava. E expôs ao ridículo os dois senadores, secundados pelo G-7, que já estavam com a sentença definida, tendo como base unicamente o que disseram os irmãos Miranda
Quando confrontado com as investigações da Polícia Federal, o servidor, Luiz Ricardo Miranda simplesmente disse que não tinha quaisquer provas sobre o suposto esquema de corrupção, porque tinha trocado de celular e não salvou as mensagens e provas que embasariam as supostas denúncias. Com isso, o principal argumento narrativo da CPI, de que o presidente fora alertado, caiu por terra, desnorteando o chamado G-7, que agora terá que buscar outro foco para dar prosseguimento, por mais três meses, a CPI.
Numa mistura patética e rocambolesca, a CPI caiu no conto da vigarice política e agora terá que usar de malabarismo retórico para retomar o rumo. No seu retorno, na próxima terça-feira, além do ridículo a que se expôs à cada narrativa que foi sendo derrubada, terá que lidar com o descrédito que aumenta de forma geométrica. Foi assim com as guias de importações (invoices) que foram anunciadas dois dias antes de serem criadas. Da mesma forma com um suposto pagamento antecipado que nunca existiu.
O vazamento de dados pessoais da médica Mayra Pinheiro, que sem ser acusada de quaisquer crimes, teve seus sigilos telefônicos e telemáticos quebrados, sob autorização do ministro do STF, Ricardo Lewandowski, mas sob a condição de confidencialidade, foi outra roubada. Mesmo em recesso, e com a complacência do presidente da CPI, senador Omar Aziz, os dados foram repassados para a Rede Globo. Por lei, abrir e expor ao público a intimidade de pessoas que sequer estão sob investigação é crime. E quem vai arcar com o custo desse crime? O que seria uma peça de investigação, se transformou em crime praticado pelos próprios senadores.
Sem comprometimentos com a coisa pública, a CPI recomeça desmoralizada de uma forma acachapante, como o vídeo em que o senador Randolfe Rodrigues aparece fazendo pressão para a compra da vacina Covaxin, mesmo sem a aprovação da Anvisa. Mas é este mesmo senador que critica supostas irregularidades do Ministério da Saúde sobre o assunto. Desmoralizada ainda mais quando duas ações no STF, da médica e cientista Nise Yamaguchi, processando os senadores Omar Aziz, Renan Calheiros e Otto Alencar, pelo tratamento misógino a que foi submetida.
Além de Mayra Pinheiro, a CPI também, provocou o vazamento de dados pessoais do assessor da Presidência, Tércio Arnold, causando mais estragos irreversíveis do ponto de vista funcional, mostrando o desserviço de uma comissão que, em tese, foi estruturada para investigar supostas omissões do governo federal e desvios de recursos federais por estados e municípios. Desesperada, a CPI busca uma nova narrativa que justifique sua continuidade e não fique dando tiros nos próprios pés.
* Adilson Fonseca é jornalista e escreve neste espaço às quartas-feiras.
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