De olho na Covid da vizinha
Por Jolivaldo Freitas
Não vi, não estava lá presente e nem sei onde aconteceu, só ouvi, na fila do banco onde fui correndo pegar um cartão de débito porque o que eu tinha já vencera, pasme, há mais de dois anos e eu não sabia, só vindo a saber agora quando fui tirar uma ninharia, merreca de reais no caixa eletrônico e o bicho eletrônico refugou. Culpa da pandemia da Covid-19 que me obrigou a pedir tudo, a comprar quase tudo via Internet, passando cartão de crédito que apita na aproximação, que é justamente para não ter de meter o cartão na ranhura e muito menos enfiar o dedo nas teclas contaminadas, ou a senhora pensa que o rapaz que faz o delivery tem tempo de ficar passando álcool gel na maquininha?
Fiquei na fila, cada um olhando o outro que estava atrás para ver se não estaria passando damarcação regulamentar e a conversa só girava em torno do assunto doença, que era um que estava saindo da H3N2 e não tinha sofrido muito, a não ser uma dorzinha de garganta, garganta arranhando, outro que esteve foi muito mal e chegou a ter de correr para o gripário e um falandomal do atendimento em vários locais, mais alguns dizendo que toda a família pegou Ômicron no que um senhor careca tirou o boné, se virou e garantiu que esteve entre a vida e a morte logo na primeira fase da Covid e só saiu com a ajuda de Deus em primeiro lugar e dos médicos em segundo lugar (eu fiquei pensando sozinho que ele devia agradecer também à empresa Wrigth Martins que engarrafou no Brasil o oxigênio hospitalar e sem ele seriam mais de 1 milhão de mortos no Brasil, isso por baixo. Agradecer, principalmente, aos cientistas Carl Wilhelm Scheelee Joseph Priestley que descobriram o oxigênio e por que não a Alexander Fleming, pai do antibiótico, mas preferi continuar a escutar).
Uma jovem, senhora, daquelas que Honoré de Balzac classificava como ainda mais ou menos nova, em cima, e por isso passou-se na chamar em tempos idos de balzaquianas, aproveitou que estava na fila normal, não a preferencial (não sei por que todo mundo quer a preferencial, mesmo sabendo que ela é a que mais demora pois idoso não enxerga direito, pergunta por tudo e ainda cria problemas com os outros idosos e atrasa a avida de todo mundo, e ela lá da sua fila de jovens ou mais menos coroa, também como se classificavaaté certo tempo, começou a lascar a lenha nos laboratórios dessa Salvador, capital da velha Bahia que foi capital da Terra Brasilis, citando o laboratório e a rua onde se situavam, vez que estavam agindo ou atuando da mesma forma.
Na região de Vilas do Atlântico procurara, já sentindo sintomas de doença, os laboratórios Leme, o Sabin e Labchecap. Na turística e perigosa Itapuã buscou o laboratório DNA e na Pituba foi atrás da Diagnoson a+ e Labchecap. Ouviu de todos que só estavam fazendo testes para Covid se fossem pagos, de forma particular. Nada pelo plano de saúde e pelo SUS nem era bom abrir a boca para perguntar. Por caridade sairia dali apedrejada. Classificou de “um horror” estarem só voltadas para o dinheiro vivo. Nos outros casos argumentavam não haver testes à disposição. Estava faltando em todo o Brasil. Pagou caro pelo teste, que demorou tanto de sair que quando recebeu o resultado já tinha curado da Covid e pegou a gripe.
No que ela disse, isso todos se olharam e procuraram assegurar que a máscara estava bem encaixada, e ela então assegurou que já estava tudo bem com sua saúde há mais de 15 dias. Todos relaxaram, mas aí uma senhora à frente da fila tossiu forte que se engasgou e quem estava perto saiu como se fosse ser atacado. A senhora:
– Mundo é esse! Não se pode tossir!
E quando ele já estava sendo atendido no guichê porque não havia caixa no banco que tinha aberto suas portas naquele dia, pois levara mais de 20 fechado uma vez que boa parte dos funcionários tinha pegado Ômicron, um senhor passou a contar que estava em pânico. Não tivera problema de doença porque não sai de casa faz quase três anos, faz compra de supermercados pelo site da empresa, remédio no site da farmácia e até companhia é pelo Zoom, mas enfrentava um problema: sua vizinha do mesmo andar onde mora, do prédio, trabalha na rua com vendade seguro de carro e de seguro de saúde, curte bares, festas e restaurantes etem a mania de vir contar para ele. Pior, disse o homem, é que ela tem o hábito de vir falar sem máscara em cima da pessoa. Naquela manhã ela começou a contar sua vida na porta do elevador de serviço, foi se chegando e ele recuando, ela chegando e ele dando ré que quando viu passaram da área de serviço e estavam no meio da cozinha. Só não chegaram à sala ou outro cômodo qualquer por que para sua sorte o interfone tocou. Ele acha que o porteiro deve ter visto seu desespero pelas câmeras de segurança e deu adjutório. Na dúvida, mais tarde, mandou um pedaço de bolo para ele. Mas acha que está contaminado. Aí o povo foi cada um para seu canto na agência bancária.
*Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista.
Email: jolivaldo.freitas@yahoo.com.br
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