Como assim…?
Por Adilson Fonseca*
“Espera aí!//Nem vem com essa história, eu nem quero ouvir// Calma aí!/Que diabo você tá dizendo agora?”. – Ana Carolina Souza (1974), compositora e instrumentista brasileira, gravou a música “Vai”, de Simone Saback.
Parafraseando os versos da música “Vai”, é de se perguntar aos mentores da CPI do Senado (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia, o porquê de se ter armado todo aquele cenário de que se iria investigar possíveis omissões do Governo Federal, e também os desvios de recursos federais por governadores e prefeitos. Afinal isso constava no requerimento aprovado, com a assinatura de 45 senadores, mas foi deixado de lado.
Depois de quase quatro meses de atividade, e encerramento previsto para novembro, os indícios robustos de corrupção por gestores estaduais e municipais foram deixados de lado de forma grotesca, sob a orientação dos mentores, Omar Aziz (presidente) e Renan Calheiros (relator), secundado pelo chamado G-7, o grupo de senadores que é adversário do presidente Jair Bolsonaro. Em vez da apuração dos fortes indícios de corrupção, a CPI resolveu investir contra o presidente da República, procurando imputar-lhe quaisquer atos de corrupção que nunca se materializaram.
O que dizer do sumiço de nada menos que R$ 49 milhões, pagos antecipadamente pelos governadores dos estados nordestinos a uma empresa que comercializava medicamentos à base de maconha, para a compra de 300 respiradores que jamais foram entregues. Ou a compra dos mesmos equipamentos em uma loja de vinhos, no Amazonas, e até mesmo do envolvimento de uma Casa de Massagem para a compra desses insumos. E os hospitais de campanha, pagos antecipadamente com dinheiro do Governo Federal e que sequer foram construídos, não querem dizer nada? Nada disso merece ser investigado?
Como explicar para os brasileiros que um inexpressivo Consórcio Nordeste tomou um retumbante calote de R$ 49 milhões, em dinheiro que serviria para atender a quem estava internado nas UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por conta da pandemia do coronavírus, e seus gestores sequer foram convidados a darem explicações? Como explicar que o Governo Federal cometeu atos de corrupção na compra de uma vacina que nunca foi comprada… e paga? E que o presidente Jair Bolsonaro se omitiu e impediu a vacinação no Brasil no final do ano passado, se a primeira vacina só foi aplicada em 12 e 14 de dezembro, na Inglaterra, e nos Estados Unidos?
Ainda em maio, o relator da CPI, senador Renan Calheiros, afirmou que investigar repasses de recursos a estados e municípios não seria o objetivo da comissão, e que centraria os esforços em criar provas contra o Governo Federal. Para a CPI, conforme Renan, seria um “desvio” de finalidades investigar indícios de corrupções por governadores e prefeitos. “Acho que essa CPI não é para investigar desvios de recursos”, disse à época. Agora ele anunciou a entrega antecipada do relatório final da comissão, porque, na sua avaliação, já existem “provas” de que o presidente Jair Bolsonaro seria o grande responsável pelas mortes causadas pela pandemia no Brasil, e pela não vacinação dos brasileiros. Como assim? Não é o Brasil o quarto país do mundo com o maior número de pessoas vacinadas?
Daí se entende o porquê não se investigar corrupção nos estados e municípios, com o dinheiro federal, se a narrativa já foi criada. Com uma CPI, nitidamente de oposição, e cujo relatório foi definido desde o seu primeiro dia de funcionamento, não é de se estranhar que se faça todo o possível para enquadrar o presidente Jair Bolsonaro no crime de responsabilidade e prevaricação. Nesse escopo previamente estabelecido, não há a menor vontade em se apurar os fortes indícios de corrupção, porque, na visão deturpada por uma ideologia de ser contra o governo, ela nunca existiu, mesmo com as provas cabais da malversação no uso eleitoreiro dos recursos federais, por estados e municípios.
Então, espera aí! Que diabos estiveram esses senadores fazendo, que por vários meses gastaram o dinheiro público, a não ser criar narrativas? A CPI acabou, e esse espetáculo burlesco e imoral deveria sair de cena.
“A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa”. Jô Soares (José Eugênio Soares) – (1938), é um humorista, apresentador e escritor brasileiro.
* Adilson Fonseca é jornalista e escreve neste espaço às quartas-feiras.
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