Artigo: Vamos vencer o pânico para administrar a crise*

A todo momento, estamos sujeitos a passar por situações de anormalidade e tensão, de maior ou menor intensidade.  A gravidade da epidemia do coronavírus é considerada como “muito alta” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e isto, naturalmente, causa espanto e a necessidade de alterações comportamentais importantes para conter a situação e evitar o desenvolvimento de complicações maiores. 

No caso em análise, essas alterações se manifestam de maneiras físicas ou simbólicas. A primeira decorre da necessidade de adotarmos medidas preventivas e de contenção, orientadas sempre pelos especialistas e pelos profissionais de saúde que, no nosso país, diga-se de passagem, estão demonstrando absoluta dedicação e elevada capacidade de lidar com a ameaça do ponto de vista epidemiológico. A segunda pode expressar uma situação de conflito, perigo ou mesmo de ausência, mas controlá-la deve ser um esforço coletivo, adotado por toda sociedade. 

Em uma situação como essa, na qual ainda estamos mergulhados em incertezas e lidando com o desconhecido, é imprescindível que todos se mantenham atualizados sobre os pontos principais que afetam a vida em coletividade para podermos atuar como um excelente gestor de crise. 

Necessário se faz, também, estarmos bem informados – conhecer bem as orientações dos profissionais de saúde e as orientações da autoridades, além de estarmos atentos sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) que tem sido referência para o mundo – principalmente em situações de crise e que tem protocolos de emergência, mas não precisamos (e nem faz sentido) alimentar o pânico generalizado. Não é possível e não é eficaz, além de levar a perda de foco, comprometendo toda a eficácia de medidas importantes que estão sendo implantadas por especialistas.

A gestão de crise é um método que une todas as forças, seja das autoridades, seja dos cidadãos. Para gerenciar, efetivamente, qualquer crise, precisamos de um processo bem estruturado, que vai muito além de medidas individuais. A melhor forma de lidar com crises é manter-se atualizado sobre os pontos principais que afetam a vida em coletividade e seguir a orientação de especialistas que têm anos de experiência na área. 

Assim, você será um excelente gestor para qualquer crise. O medo do desconhecido é inevitável, mas só faremos uma boa gestão de nossas crises se, primeiro, vencermos o pânico.
O pânico não se faz necessário se conseguirmos gerir os acontecimentos e, para isso, convidamos todos a serem os dirigentes das suas histórias com atenção aos acontecimentos, responsabilidade e inteligência emocional.

*Ana Paula Bomfim – Professora da Faculdade de Direito da UFBA, Observatório da Pacificação Social / Ufba, gestora de conflitos  

*Murilo Vilas Boas – Observatório da Pacificação Social / Ufba, gestor de conflitos