ARTIGO: Redescobrindo o convívio*
Quando o poeta e jornalista brasileiro Mario Quintana (1906-1994) se referia à necessidade do convívio humano, sempre dizia que, apesar de imprescindível para o cultivo das relações sociais, o convívio possuía também inúmeras dificuldades, próprias da natureza humana em harmonizar-se com o próximo. A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse […]
Quando o poeta e jornalista brasileiro Mario Quintana (1906-1994) se referia à necessidade do convívio humano, sempre dizia que, apesar de imprescindível para o cultivo das relações sociais, o convívio possuía também inúmeras dificuldades, próprias da natureza humana em harmonizar-se com o próximo. A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse eu? Mas como é difícil! Dizia ele.
A sociedade contemporânea vinha num crescente comportamento de convivência virtual, aproveitando-se dos mecanismos tecnológicos da comunicação, onde a presença física já não era tão importante. Pessoas formavam grupos virtuais que não se conheciam pessoalmente e, até mesmo nas famílias, a comunicação se mantinha apenas de forma virtual, através de smartphones, via whatsapp, instagram, facebook e e-mails.
O advento do coronavírus e da Covid-19 quebrou essa linha de comportamento humano e trouxe, de forma compulsória, forçando a uma necessidade do convívio presencial das famílias, e forçando-nos a encarar o próximo mais próximo nos olhos, com as ideias e pensamentos, de forma direta, de maneira instantânea, e sem o tempo que costumávamos gastar para digitar mensagens de réplicas e tréplicas.
Foi quando então reaprendemos também a ter uma conversa em uma outra a vertente que estava esquecida nos últimos anos, eclipsada pelo atavismo político, cheio de intolerância e radicalismo: a democracia. Não como um sistema de governos e nações, mas a arte de conviver com o contrário, e, na maioria das vezes, esse contrário está bem próximo à cada um de nós. O Barão de Montesquieu (Charles-Louis de Secondat (1689 – 1755), filósofo e escritor francês, dizia que o amor da democracia é o da igualdade.
O pensamento francês foi complementado pelo jornalista e cronista mineiro Fernando Sabino (1923-2004), que disse que democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um. E o ponto de partida dessa nova realidade comportamental brasileira e mundial tem sido justamente o coronavírus, que ainda não se sabe aonde vai chegar, mas que já vem mudando a curva dos relacionamentos virtuais do ser humano, vigente até então, para algo mais palpável, que é a presença física.
Para quem já tinha transformado a convivência virtual em algo como a comunicação do futuro, o coronavírus pegou muitos de surpresa, obrigando-os a algo que não estávamos mais acostumados: a proximidade física. E com esta veio a (re)descoberta que o outro é um ser real, com os mesmos direitos de expressões e pensamentos, mesmo que divergentes do que nos acostumamos a expressar.
As questões políticas e partidárias, e suas respectivas preferências, passam a conviver na mesma sala, e os contraditórios são colocados frontalmente, sem os subterfúgios do anonimato das redes sociais, com respeito mútuo, pois não há mais os artifícios de se esconder por detrás dos aplicativos. Mas principalmente porque aquele em que declaramos como inimigo, apenas porque discorda do que pensamos, agora faz parte do nosso convívio diário…e presencial.
Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida. O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora. desta vida…Mário Quintana.
Sejamos todos bem vindos ao sofá da sala!
* Adilson Fonseca é Jornalista e escreve neste espaço sempre às quartas-feiras.
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