Artigo: Com que vacina eu vou ao samba que você me convidou?
As festas, na abundância de sempre, vivas, celebrando rituais e a Covid as seguindo. Não há trégua por parte do vírus nem as celebrações se mostram dispostas a interromperem o fluxo. Quando muito há a dúvida sobre “com que vacina eu vou ao samba que você me convidou”. Nas unidades produtivas, os protocolos de segurança […]
As festas, na abundância de sempre, vivas, celebrando rituais e a Covid as seguindo. Não há trégua por parte do vírus nem as celebrações se mostram dispostas a interromperem o fluxo. Quando muito há a dúvida sobre “com que vacina eu vou ao samba que você me convidou”. Nas unidades produtivas, os protocolos de segurança para evitar o coronavírus têm funcionado, mesmo porque muitos dos trabalhadores estão desempenhando suas funções remotamente.
Há evidências da correlação entre multidões e o crescimento da pandemia, e não é por outro motivo que médicos e cientistas pedem que a população evite aglomerações, use máscaras, mantenha a higiene, lavando as mãos com água e sabão e fazendo a utilização do álcool 70%. Embora não sejam certezas, é o conjunto de evidências e provas que valida a hipótese e torna possível a teoria. A Teoria da Evolução até agora é incontestável, e só foi possível com a reunião de evidências e provas.
Cientistas internacionais ficaram surpresos com a capacidade do coronavírus de fazer cópias de si mesmo, não mais como ocorre com os outros vírus, mas de outra forma, capaz de gerar algo novo e perigoso. Os estudos ainda são embrionários e não se sabe o grau de letalidade, nem os estragos que possam decorrer, em razão da Covid estimular doenças pré-existentes. Os cientistas falam num prazo de dez anos para poder lutar em condições de igualdade com o coronavírus, mesmo com os esforços que vêm sendo feitos no desenvolvimento de vacinas.
Há uma insistência, uma pressa, no convívio de multidões, uma socialização parva, como se essa forma marcasse, objetivasse, santificasse o tônus da vida de maneira espetacular. Essa ideia de que a ritualização da festa é algo excêntrico, extravagante, e mágico a se diferenciar do modorrento cotidiano e necessário para manter o fluxo das vivências sempre ativo, em alta, revela a miopia do entendimento de que a vida é ritmo e pode ser alterada, independentemente de escolhas.
Na guerra à socialização, a vida se dá por outros caminhos, igual procedimento ocorre quando há grandes desastres naturais, às vezes sem que o homem provoque. O homem encontra-se atado ao movimento, ao ritmo, mesmo na contemplação. A transcendência pertence aos místicos e a deus.
Mas reduzir o ritmo, o movimento da vida, à visão comunal de rebanho, como garantia e fundamento religioso da perpetuação da sociedade, acrescido do grande prazer, a exibição, o sucesso e uma espécie de garantia da existência exuberante, significa acreditar religiosamente e maciçamente que a Terra é redonda como uma laranja, ou seja, excluir a vitalidade da dúvida, mas não a estupidez.
A Covid desconhece qualquer justificativa da pressa, da urgência das festas, carnavais, micaretas (caretas lá eles), São João e estados espirituais e materiais aloprados, a partir de multidões. Como também não guarda qualquer simpatia se “ela tem um treze de ouro pendurado no pescoço”, se “sexta-feira só vai dormir depois das três da madrugada”. Se “tem nos pés um par de calos que prevê a chuva”.
Hipoteticamente, o vírus não deve se opor ou ser infenso, hostil, a Herivelto Martins e Marino Pinto, os autores da música Treze de Ouro, traduzida por João Gilberto uma única vez numa apresentação em Tokio; mas enquanto isso se espalha nas multidões, leva a rede de saúde pública de algumas cidades ao colapso, obriga governadores, como o da Bahia, a decretarem toque de recolher e coloca Salvador em alerta máximo.
O caminho das vacinas ao longo da história tem se mostrado eficaz no combate a pandemias, essa região da vida em sociedade habitada por vírus, que não produzem assombrações e nem fantasminhas camaradas. Sem charme e sem glamour, a Covid simplesmente mata, torna insuficiente o sistema de saúde e tem efeitos colaterais danosos. E pouco importa se é “impossível não odiar estas manhãs sem teto e as valsas que banalizam a morte”; a poesia de Gullar fica para depois. Tomarei a vacina, a disponível, mas não vou ao samba que você me convidou. No Youtube, João Donato, em cadência, mostra um outro Amazonas, com um bom trio – destaque para o contrabaixista.
* Gerson Brasil é secretário de Redação da Tribuna da Bahia
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