ARTIGO: A colheita do fracasso*
Na antiguidade, os cristãos levavam a termo a máxima de Jesus que dizia que não se ‘cada árvore é conhecida pelo seu fruto. Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uva’. Tomada no seu significado, podemos dizer que não se planta manga para se colher abacaxi e que só obtemos […]
Na antiguidade, os cristãos levavam a termo a máxima de Jesus que dizia que não se ‘cada árvore é conhecida pelo seu fruto. Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uva’. Tomada no seu significado, podemos dizer que não se planta manga para se colher abacaxi e que só obtemos bons resultados, se as tarefas que os antecederam, forem bem executadas.
E hoje o brasileiro, principalmente os nordestinos e os mais pobres, estão colhendo anos de engodo, em uma política econômica que todos sabiam que a médio e longo prazos iria se transformar em um desastre. O que de fato se deu, com a maior recessão da história da economia brasileira, a partir de 2014 e perdurando até 2017. Os efeitos, todos sabem através dos índices astronômicos de desemprego e um crescimento negativo do Produto Interno Bruto (PIB) até o ano passado.
Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que a desigualdade social atingiu patamares nunca vistos desde 1989, e seus efeitos fizeram com que, ainda no segundo semestre de 2019, essa desigualdade permanecesse elevada. O estudo é do Centro de Políticas Sociais da FGV, que analisou as mudanças nos índices de desigualdade nos últimos sete anos e suas relações com o crescimento e as consequências sobre a pobreza.
Segundo o estudo, em 2015 a pobreza subiu 19,3% no Brasil, com 3,6 milhões de novos pobres. Desde o segundo trimestre do mesmo ano, até 2017, a população vivendo na pobreza no país aumentou 33%, atingindo 11,2% dos brasileiros, contra os 8,4% antes registrados. O estudo baseia-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), do IBGE, e no índice de GINI, medidor global de desigualdade. E o mais sintomático é que justamente nas regiões Norte e Nordeste do país, onde a política populista dos últimos anos se fez mais presente, foi onde essa desigualdade mais aumentou.
Dos cinco estados que mais aumentaram a desigualdade todos estão no Nordeste. O primeiro da fila é Alagoas, com 0,70 no coeficiente medido (quanto mais se aproxima de 1 é mais desigual). Nessa relação, Bahia, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão têm coeficiente de 0,65. Nessa categoria ainda se inclui o Rio de Janeiro, Distrito Federal e o Acre. Já no Norte do país, Amazonas, Tocantis, Pará, e Roraima têm coeficiente de 0,60. O Amapá, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul tiveram 0,55. Já os menos desiguais foram Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Santa Catarina, com coeficiente de 0,50.
O populismo que embalou o sonho de se comprar carro zero e apartamentos, com prestações a perder de vistas, se perdeu com a falta de lastros na economia das famílias, como resultado da desaceleração da produção industrial e, consequentemente, do aumento do desemprego. Primou-se pelo consumo, mas não se investiu em infraestrutura que permitisse a atividade industrial e a geração de empregos, e o país viveu um processo de estagnação. E depois veio a recessão econômica.
Para este ano, depois de um longo período de declínio da atividade econômica, o país deve crescer em torno de 1,2% (Produto Interno Bruto – PIB) com perspectiva de um crescimento de 2,2% em 2020. Os números por si só são pequenos, mas são maiores que o da maior parte dos países, incluindo os da União Europeia, e dentro da média mundial projetada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O problema, como se observa pelos estudos da Fundação Getúlio Vargas, não é o percentual de crescimento do PIB, mas sim o tamanho do crescimento da desigualdade social dos últimos anos, que torna penosa a retomada do crescimento da economia e diminuição dessa desigualdade.
*Adilson Fonseca é Jornalista e escreve neste espaço sempre às quartas-feiras (adilson.0804@gmail.com).
Mais Lidas
Nenhuma postagem encontrada.
Artigos
Uma história dedicada à filantropia
A importância de meu avô Juracy
Quer se atrapalhar?
Cuidado com o seu diabo quando for acalmar o inferno
Vivemos numa redoma social
Foco no candidato é elemento chave para vencer uma eleição
As habilidades de Mônica, sem medo, sem anseio
Últimas Notícias
Defesa Civil alerta para novas chuvas no RS nesta semana
De acordo com o comunicado, tanto a Defesa Civil quanto a Sala de Situação do estado monitoram o avanço de uma frente fria
Sem Bolsonaro, manifestação contra Lula e Moraes fica esvaziada
Ato reuniu um número mais tímido de pessoas do que os convocados pelo próprio ex-presidente
Goleada do Cuiabá sobre Criciúma deixa Vitória na lanterna do Brasileirão
Foi a primeira vitória da equipe mato-grossense na competição
Kleber Bambam diz que foi ‘o maior fenômeno do BBB no geral’
Influencer venceu a primeira edição do reality, em 2002
ANS cobra esclarecimentos de plano de saúde sobre suspensão de vendas
A partir de 1º de julho, os clientes da Golden Cross passarão a ser atendidos na rede credenciada Amil
Em partida contra o México, Endrick iguala recordes de Pelé, mas rejeita comparações
Atleta marca com a camisa da Seleção Brasileira em três jogos consecutivos antes dos 18 anos
Prefeituras da Bahia receberão primeiro repasse do FPM de Junho com alta de 30%
Valor supera expectativas e impulsiona os cofres municipais
Lulu Santos tem “plena recuperação” após crise de gastroenterite, diz boletim
Previsão é que cantor tenha alta nesta segunda-feira (10)
Após derrota, o presidente da França dissolve parlamento e antecipa eleições legislativas
Em resposta a resultados desfavoráveis nas eleições do Parlamento Europeu, Macron busca renovar a Assembleia Nacional com novas eleições
Bahia Farm Show começa nesta segunda com expectativa de público recorde
Solenidade de abertura contará com a presença de autoridades e representantes do agronegócio nacional