Amigas criam primeira agência de Salvador focada em criadores de conteúdo negros

Em mais de um ano de atuação, asMin(as) conecta esses influenciadores com diversas marcas do mercado


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redacao 26/11/2021 14:18 Cidades

A agência asMin(as) é a primeira de Salvador focada em criadores de conteúdo negros. Entre os serviços, ela conecta – há um ano e seis meses – seus clientes às marcas do mercado. A empresa oferta planejamento estratégico e criativo, curadoria de influenciadores, assessoria comercial e projetos especiais.

Além disso, passou a disponibilizar soluções para toda a cadeia digital de marcas e clientes, com branding, pesquisa e inteligência estratégica de comunicação.  

Dayane Oliveira, 27 anos, explica que a agência surgiu com foco no comercial e comunicação para influenciadores negros e LGBTs das periferias de Salvador.  Ela e a sócia, ambas publicitárias de formação, se juntaram para criar um negócio que tivesse diversidade e representatividade.

“A princípio, a gente iniciou nesse formato. Agora, ampliamos nosso negócio para uma agência de comunicação digital. A gente abarca as frentes de negócios de marketing de influência, trabalhando com assessoria, interlocução desses influenciadores com as marcas, capacitação desses influenciadores, e a gente tem um núcleo de gestão de redes sociais”, explicou Dayane Oliveira, que é diretora de comunicação digital.

Sua sócia, Letícia Sotero, 28, diretora de comercial e relacionamento, fala sobre a relação entre as duas, que já existe há mais de cinco anos.

“Nossa amizade surgiu muito por conexão. A gente tinha um amigo em comum que nos apresentou e fomos percebendo alguma conexões, coisas semelhantes na nossa convivência, história, para se tornar agora uma história única com asMin(as)”, explicou. 

Ainda sobre a agência, Dayane detalha que a “agência conta com cinco clientes fixos, já rotativos giram em torno de mais de dez clientes”. No total, a empresa possui mais 12 colaboradores. Os interessados em procurá-las pode acessar o seguinte perfil no Instagram: @asminascontent.

 

Difuldades no início

O sucesso da agência é fruto de muito trabalho. Mas tudo começou com as dificuldades que todo empreendedor pode vivenciar.

“Os primeiros desafios de impacto, de montar uma empresa desde o início, de montar um plano de negócios. Além disso, tem a falta de compreensão da sociedade de nos receber por sermos mulheres negras. Existem algumas barreiras no mercado e fomos quebrandos esse tabus, essas barreiras através do nosso discurso e da qualidade de trabalho que a gente entrega”, explicou Dayane Oliveira.
 
E quando existe algum problema para ser solucionado? A resposta, de acordo com Letícia Sotero, é resolver com muita conversa.

“A gente tem uma base muito no diálogo, recebemos o feedback dos colaboradores, temos aqui um espaço aberto para dialogar. O primeiro passo é a empatia de se colocar no luguar do outro. É ouvir e entender como chegar na solução. O segundo passo é o foco na solução”, detalhou.

Antes de montar o negócio, as empreendedoras vivenciaram situações complicadas. Letícia, por exemplo, teve que lidar com racismo em seu antigo trabalho.

“Trabalhava numa indústria de cosméticos e tinha que lidar com os franqueados. Eram pessoas que tinham uma posição social com grana e achavam que isso bastava, que poderiam humilhar e depreciar as pessoas. Foram processos complicados, complexos, mas consegui enxergar aquilo como algo importante para o meu crescimento, para ter maturidade e hoje ter uma postura diferente caso aconteça algo comigo semelhante”, contou.

Dayane complementa: “O sistema é formado para isso, para oprimir. O racismo é estrutural, em algum momento na sua vida você vai passar por alguma situação. Sem enxergar uma oportunidade de crescer, a gente acaba empreendendo por necessidade, por sobrevivência. Tanto a minha visão quanto a dela foi ver que não tínhamos oportunidade de crescer. Agora estamos numa posição que a gente decide, articula relações, então a visão é outra”.

 

Inspiração para empreendedores negros

Letícia Sotero sabe que a agência asMin(as) serve para inspirar pessoas. Por isso, elas entregam um excelente trabalho. “Temos construído desde o início da empresa até agora laços firmes, fortes, e que bom que as pessoas enxerguem isso na gente, de sermos uma inspiração”, detalhou.

Para Dayane, a empresa serve para inspirar e está aberta para que novos empreendedores negros apareçam.

“A gente sabe que é a primeira agência negra de comunicação de Salvador, mas quer que outras agências surjam com esse mesmo propósito. Só assim a gente consegue mudar a máquina, só assim a gente consegue quebrar um pouco desse sistema instalado na sociedade e consegue usar a comunicação como ferramenta de transformação social”, explicou. 

Por isso, a diretora de comunicação digital pede: “Se inspirem na gente, mas também chamem a gente pra conversar e quem sabe a gente pode construir novas narrativas juntos, porque a ideia é que a gente deixe um legado a partir disso, para que outros formatos de negócios surjam a partir dessa nova provocação que estamos fazendo aqui”.

Dayane se coloca à disposição para ajudar, diz que é possível chamá-las para “tomar umas”. E completa: “Somos mulheres seguras, independentes, empoderadas. Acreditamos na progressão da sociedade como um todo, em gênero, em cor, mas economicamente falando também é importante. Somos duas sonhadoras, não temos medo de errar”, garantiu 

Já Letícia define a si mesma e à sócia como duas jovens cheias de sonhos, vontade de crescer e muitos objetivos a conquistar não só profissionalmente, mas pessoalmente também.

“São duas mulheres que acreditam muito que a comunicação como um todo tem um poder de transformação, de acrescentar, de movimentar, de modificar. Somos sonhadoras e realizadoras”, explicou.

As sócias lembram que o Novembro Negro é uma agenda importante, mas que a pauta da Consciência Negra precisa ser debatida o ano inteiro.

“O Novembro Negro é para gritar para a sociedade que precisamos ter uma reparação história. As pessoas negras precisam ter visibilidade, não podem ser marginalizadas, a sociedade não abarca mais esse tipo de discriminação. Somos jovens mulheres empreendedoras que estamos aqui empregando jovens. A gente enxerga o Novembro Negro como agenda para se discutir, mas também para ter atitude. Discurso não enche barriga”, garantiram.  

 

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