Oceanógrafo alerta para alarde excessivo sobre tsunami que pode atingir a Bahia

“Um alarde excessivo”, assim classificou o oceanógrafo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Guilherme Lessa Barreiras, em conversa com o Portal M!, sobre a elevação do nível de alerta de erupção do vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, na costa do continente africano e a possibilidade de um tsunami atingir a Bahia.

De acordo com o cientista, o cenário catastrófico divulgado faz relação a um estudo antigo e o cenário atual é muito diferente. “Isso foi mapeado inicialmente há cerca de vinte e poucos anos. Em 2001, saiu uma publicação científica chamando a atenção para esse fato. Caso isso aconteça, o cenário que está sendo veiculado se relaciona a este primeiro estudo. Pelo menos seis outros estudos foram feitos posteriormente e verificaram que o volume de terra que deve escorregar é de 8 a 20 vezes menor do que o previsto inicialmente”, explicou.

O caso ganhou repercussão por causa de um aumento do alerta para uma erupção vulcânica do Cumbre Vieja que está no nível 2. Ao todo, existem quatro níveis. No 2, a população é orientada para que fique atenta e vigilante ao monitoramento da atividade vulcânica e sísmica. Anda segundo Lessa, não há certeza de quando isso vai ocorrer.

“Isso um dia vai acontecer. Pode ser essa noite, daqui a um mês, um ano ou cem anos. Não dá para apostar. A atividade na ilha aumentou e esta sendo submetida a mais analise, mas não há motivos para alarde”, explicou o pesquisador.

Mesmo improvável, caso um acontecimento deste venha a ocorrer, não vai demorar muito para que a onda atravesse o oceano. “A estimativa é de que em cerca de cinco a oito horas a tsunami atinja a Bahia. Primeiro pegando o território do Ceará e descendo”.

O oceanógrafo também salientou que é difícil estimar o tamanho das ondas, mas explicou quais seriam os principais estragos. “O maior problema, independente da altura, seria o aumento da velocidade da corrente na Baía de Todos-os-Santos,  podendo ter problemas com embarcações. Este seria um risco mais real do que o risco de inundação generalizada”.

Ainda assim, Lessa fez questão de explicar que nem sempre um tsunami significa ondas gigantescas que saem destruindo tudo pelo caminho.

“A gente chama a atenção que tsunami nem sempre é destrutivo. Tsunami é uma onda gerada por um choque e esse choque pode ser a queda desse material na água ou um tremor de terra subterrâneo que gera uma onda de choque que se propaga. Ou seja, pode ter tsunami com poucos centímetros de altura”, explicou.