“É o ‘toma lá, dá cá’ mais descarado que eu já vi na vida pública”, diz Marcelo Nilo sobre orçamento secreto

O deputado federal Marcelo Nilo (PSB) criticou, nesta segunda-feira (7), o ‘toma lá, dá cá’ do Governo Federal, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no último dia 9. Segundo ele, há deputados recebendo pagamentos por votações favoráveis à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).

Em entrevista ao Programa Política na Mesa, da TV Câmara, apresentado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, e pelo também jornalista Alexandre Galvão, Nilo disparou: “É o ‘toma lá, dá cá’ mais descarado que eu já vi na vida pública”. Ele ressaltou que o Centrão está dando sustentação política ao governo Bolsonaro.

“Já vi de tudo na política, agora orçamento secreto é um orçamento que pegaram R$ 3 bilhões e deixaram na mão do relator. Toda vez que [a maioria dos deputados] vota a favor do governo, ele [relator] vai e libera emendas para o município A e B”, denuncia.

Segundo Nilo, há deputado que tem R$ 150 milhões em emendas, quando a emenda positiva hoje é de R$ 18 milhões para cada integrante da Câmara. Ele ainda denuncia as gozações feitas pelos colegas parlamentares que aceitam o pagamento.

“É inacreditável você formalizar a compra dos deputados e o pior, os deputados que foram comprados ficam gozando com a gente. Nos encontramos no aeroporto e eles dizem ‘olha, já recebi R$ 4 milhões’. É um desrespeito para [com] o povo brasileiro. É uma vergonha o toma lá, dá cá na Câmara dos Deputados”, desabafa.

Marcelo Nilo admite que, ao longo dos seus 31 anos como deputado, sempre ouviu falar da existência de ‘toma lá, dá cá’ na gestão dos ex-presidentes, no entanto ele ressalta que nunca houve uma manobra parecida como a do governo Bolsonaro.

“Dois partidos entraram no Supremo [Tribunal Federal] pedindo a suspensão desse artigo que, sem dúvida, é o ‘toma lá, dá cá’ mais descarado que eu já vi na vida pública”, informa Nilo, que pede para a população acompanhar as manobras políticas dos deputados que votaram.

Os partidos mencionados por Nilo são o Cidadania e o PSOL, que, nesta segunda-feira (7), ingressaram com uma ação no STF para suspender a execução das emendas do suposto orçamento secreto. As legendas apontam inconstitucionalidade na utilização de verbas.