Manno Goes reitera que não quer ‘Mila’ vinculada a movimentos antidemocráticos

O compositor Manno Goes, autor da canção Milla, se manifestou sobre a briga com o cantor Netinho, na noite de quinta-feira (27), e avaliou o tensionamento em torno do caso. Em entrevista para o programa “Política na Mesa”, o artista reiterou que não quer sua música ligada a movimentos antidemocráticos.

Mila foi um dos maiores sucessos nos anos 1990 na voz de Netinho, bolsonarista declarado, que decidiu cantar o hit em uma manifestação de apoio ao presidente,  no dia 1º de maio deste ano.

“Na verdade, aquele movimento do 1º de maio não foi somente em prol do presidente da República. Foi um movimento antidemocrático, e eu não quero estar alinhado a esse tipo de pensamento, uma música que eu fiz.  Netinho pode cantar a música em qualquer lugar, porém eu tenho, como autor, o  direito de impedir que essa música seja veiculada em rede de comunicação, passando mensagens que eu não quero que essa música passe”, argumentou Manno.

O compositor aproveitou para criticar o movimento, que, para ele, ocorreu em uma data muito simbólica para os trabalhadores basileiros.

“Então você está ali, em uma data tão histórica, participando de um movimento que autoriza o presidente da República a agir como um ditador. Isso não é um movimento que eu quero ter como parte da história da música que eu compus, que é uma história lúdica, amorosa”, diz.

O compositor acrescentou que acionou a Justiça e, em seguida, todos os vídeos foram retirados das redes sociais. Ele lembra que a ação contra a deputada federal, Carla Zambelli (PSL), que teria debochou da situação, continua. “Seguiremos adiante aguardando as decisões judiciais”.

Postura contraditória

No domingo (2), ao criticar Netinho, Manno o chamou de “débil mental”, e isso fez o cantor entrar na Justiça.

“Quando eu usei o termo ‘débil mental’, logo depois eu escrevi sobre isso. Foi um termo indevido, que não muda em nada minha indignação e desabafo”.

Para Manno, a atitude de Netinho mostra uma contradição.

“Acho muito justo que qualquer pessoa acione a Justiça para retirar qualquer coisa que ache que incomode a honra. Isso é democracia. Se ele estava lá pedindo ditadura, pedindo fechamento do STF e recorre à Justiça para impedir algo que incomoda ele, mostra uma contradição bem grave”, finaliza.

Assista a entrevista na íntegra abaixo: