Secretária de Políticas para as Mulheres diz que redução dos índices de violência se deve à subnotificação

Desavisados podem interpretar que há uma diminuição nos casos de violência contra a mulher em Salvador, durante a pandemia do novo coronavírus. Afinal, dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) mostram redução no número de denúncias deste tipo, no comparativo entre 2019 e 2020.

Esta interpretação, porém, pode estar contaminada por uma possível subnotificação, causada por uma falta de liberdade para a mulher fazer denúncias, na avaliação da secretária de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, Fernanda Lordêlo.

Para ilustrar seu argumento, Fernanda problematizou a questão com dados nacionais, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. 

“Como que, no início do ano passado – num cenário sem a pandemia – foi registrado um aumento de 36% em denúncias de violência contra a mulher e, agora, os números mostram uma diminuição na Bahia? Provavelmente há subnotificação nestes registrios”, afirmou a secretária.

Segundo a SSP, crimes como estupro e ameaças caíram 39,9 e 32,2% respectivamente.

No plano nacional, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que houve uma redução de 9,9% dos registros dos diversos tipos de violência contra a mulher, feitos em delegacias.

O possível cenário de subnotificação é explicado pelo isolamento social – necessário para conter a crise sanitária do coronavírus –  vem fazendo com as mulheres fiquem em casa, sem sentir-se à vontade para denunciar e buscar apoio nos serviços públicos. 

Acolhimento

Mesmo diante das dúvidas sobre o real contexto da violência contra a mulher em Salvador, a secretária Fernanda enfatiza a necessidade de oferecer canais de atendimento.

A SPMJ é responsável por três casas de acolhimento na capital baiana. 

Como fazer contato:

1.    Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce – CAMSID
Rua Lelís Piedade, 63 – Ribeira. Telefone: 3611-6581 (funcionando 24h para acolhimento provisório de curta duração); 

2.    Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de Violência Loreta Valadares – CRAMLV, em teleatendimento através do telefone (71) 99701-4675;

3.    Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães – CREAM, em tele atendimento através do telefone (71) 98791-7817

Como denunciar violência

As mulheres podem denunciar situações de violência por meio do canal de Whatsapp Respeita as Mina. O número é o (71) 99099322. São oferecidas orientações contra violência doméstica e familiar, além de permitir o acesso por mensagem a atendentes em contato direto com o serviço 190 da Polícia Militar para os casos de emergência.

Telefone 180

O Ligue 180 também recebe reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e orienta as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário.

Administradas pela Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ONDH), o Disque 100 e o Ligue 180 funcionam 24 horas por dia, todos os dias, inclusive finais de semanas e feriados. Podem ser acionados de qualquer lugar do Brasil e de vários países do exterior. Os canais de atendimento acolhem, registram, analisam e encaminham as denúncias aos órgãos de proteção.