Heroínas da saúde: conheça a dura batalha de mulheres que atuam na linha de frente do combate à Covid-19

Elas são as verdadeiras heroínas. Mulheres e profissionais de saúde, que além de cuidar da rotina exaustiva do dia a dia, ainda atuam na linha de frente do combate à Covid-19. Elas são médicas, enfermeiras, técnicas, agentes da área de serviços gerais, dentre outras ocupações. E estão sobrecarregadas com as atividades domésticas, acúmulo de trabalho e o trauma psicológico. 

A maioria são mães e passaram o último ano tentando equilibrar o desgaste das atividades profissionais com a dedicação aos filhos e a família.  Neste 8 de maerço, Dia Internacional da Mulher, o Portal M! ouviu relatos de algumas guerreiras que atuam em hospitais, na linha de frente do coronavírus. 

Amanda Menezes

Com 14 anos atuando na área de saúde, a médica Amanda Menezes, contou ao Portal M! sobre a dificuldade de conciliar a rotina neste período de pandemia.

“Tive que me afastar por cinco meses de minha família, além de cancelar meus atendimentos nos consultórios, para proteger meus pacientes. Tenho trabalho exclusivamente no combate ao Covid-19, e tive perdas financeiras importantes, mas eu precisava preservar a saúde dos pacientes”, declarou.

A médica disse ainda que, além de não ver os pais e a filha, teve que assumir todas as atividades do lar.

“Tive que afastar minha secretária e tive que assumir também as tarefas do lar, sozinha. Foram momentos que eu chorava sozinha, com saudades e desesperada com medo de ser infectada, sem saber quem iria cuidar de mim. Em dezembro, este momento chegou. Já esgotada mentalmente e fisicamente, acabei pegando a doença”, contou.

Neste momento tão delicado, a médica disse que o Dia da Mulher tem que ser comemorado, como uma data representativa da força da mulher.

“A mulher representa a fortaleza. Esse é o dia muito representativo, no sentido que mostra a força da mulher, que supera todas as dificuldades e nós mulheres somos o alicerce da família, e estamos driblando essa situação da melhor forma, pensando em nossos filhos, nossos pais e esposo. Neste momento que a gente cuida, mesmo sabendo que podemos nos contaminar… aí que a gente vê a força da mulher, na hora de resignar e cuidar de quem ama, trabalhando para manter as contas”, desabafou.

“É um dia de comemorar e vibrar e cada vez mais termos forças para lutar e conquistar nossos direitos, na medicina, na política e em toda a sociedade”, completou.

Jamile Meireles

A enfermeira Jamile Meireles, mãe de duas filhas, trabalha em dois hospitais, sendo um na capital e outro no interior.  Ela contou ao Portal M! sobre a dificuldade de combater o vírus e conduzir as tarefas do lar, sobretudo no aumento de atendimentos por causa da nova variante que assola em todo o Estado.

“Me sinto cansada. Estamos nadando contra a maré. Minhas filhas ficam tristes por não poder sair mais. Inclusive estou conciliando as aulas on-line da mais nova e ajudando na alfabetização” explicou.

Psicologicamente, Jamile avalia que é uma situação extremamente estressante.

“Tive Covid-19 por duas vezes e vivo com esse medo de levar a doença pra casa. É você ter que estar bem, sem estar bem. Saber do seu dever, mas ao mesmo tempo largar tudo e ir embora. Mas, assim como polícia não tem medo de ladrão, profissional de saúde não pode ter medo da doença. É extremamente estressante”, comparou.

Miralva Cerqueira

“Manter o equilíbrio, o amor pelo que faz e a empatia com os pacientes”. Essas são as primícias da auxiliar Miralva Cerqueira, 34 anos, que trabalha há oito anos na área de saúde. E neste tempo de pandemia, ela disse ao M! que precisa trabalhar a mente para não enlouquecer.

“A gente tenta trabalhar a nossa mente para não enlouquecer se preocupando com a nossa saúde, com os pacientes e nossos familiares. Tentamos não perder o amor pelo que faz e compaixão para com o próximo, para dar conta de tudo, por que o emocional fica extremamente abalado”, disse.

“A pior dor é o distanciamento. Ficar longe dos pais, dos filhos, dos avós. Pra manter meu equilíbrio, tenho contato por chamada de vídeo para conversar um pouquinho mais. Todos os dias ligo para pedir a benção à meus pais, pela manhã e a noite, para ouvir ‘Deus te abençoe’ para me confortar e não perder a essência da vida”, concluiu.

Simone Gomes

E quem poderia tentar comemorar o dia tão especial e representativo, vai ter que voltar ao trabalho. A técnica de enfermagem, Simone Gomes, 45 anos, viu suas férias serem canceladas, em decorrência do momento crítico o qual o hospital em que trabalha está passando.

“Seria um momento de descansar a mente e o corpo. Apesar da pouca idade, minha filha me ajuda, minha mãe que mora perto, também me dá um suporte, quando necessário, e meu marido tem a consciência de que as tarefas do lar são nossas obrigações. Sem ele, certamente eu teria enlouquecido e sou grata por isso”, disse ao M!.

Simone trabalha em dois hospitais e está vendo de perto a situação do avanço da Covid-19. Atuando ao lado de muitas mulheres, ela ressalta o papel da mulher na sociedade, sobretudo para quem está na linha de frente em combate à doença.

“Somos guerreiras. Trabalhar 12 horas lidando com situações adversas, com a morte rondando as emergências e UTI’s, que estão lotadas, nos deixam abaladas psicologicamente. Mas, forte que somos, vamos para casa encontrar o conforto necessário para reerguer e avançar. O Dia da Mulher tem que ser celebrado todos os dias, 24 horas por dia, porque somos mais fortes que muitos homens, não vamos nos abalar e vamos vencer essa doença”, concluiu.