Mães de filhos em idade escolar vivem apreensão e expectativa com volta às aulas na Bahia
Reunião entre o governador Rui Costa (PT) e o prefeito Bruno Reis (Democratas), nesta sexta-feira (5), pode selar uma data para retomada
Esta sexta-feira (5), pode ser o “Dia D” para a definição da volta às aulas em toda a Bahia, uma vez que está prevista uma reunião entre o governador do Estado, Rui Costa (PT), e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), para falar sobre o assunto.
Quem aguarda com ansiedade os resultados desse encontro, onde o martelo pode ser batido – enquanto Bruno pensa nesse retorno em março, Rui prefere observar o andamento da vacinação contra a Covid-19 na Bahia para poder apontar um horizonte -, são as mães de filhos em idade escolar ouvidas pelo Portal M!.
Há quem esteja firme na decisão de que já se ficou tempo demais longe das salas de aula e que os prejuízos, para os filhos, são grandes a ponto de que a solução é, mesmo em um modelo híbrido (aulas presenciais e remotas), que as atividades escolares retornem.
“Acho que tem um grande problema aí. Primeiro, a criança que não tem tanta maturidade para receber essas aulas on-line, ela acaba não absorvendo tão bem como se estivesse em sala de aula. Por outro lado, temos que pensar naquelas pessoas que não tem condição de ter essas aulas on-line. Já existe uma grande defasagem das escolas públicas e muitos deles não tem as ferramentais suficientes para futuramente ter uma vida igual aos outros, tendo uma profissão e se colocando bem no mercado de trabalho. Se a evasão antes era monstruosa, imagine agora”, afirmou a produtora rural, Maria Clara Novaes.
Ela, que é mãe do jovem Guilherme, de 17 anos, afirma que o filho praticamente já retomou a rotina, mas que apenas as atividades escolares ainda continuam sendo realizadas em casa. Ela acredita que as aulas já poderiam ter sido retomadas, com as escolas realizando campanhas de conscientização junto aos alunos para se evitar a transmissão da covid-19.
“Será que esse ‘remédio’ que a gente está dando que é o fique em casa, não vá para a escola, não vai ser muito mais caro e prejudicial do que esses meninos na rua, fora da escola? No início, quando as coisas estavam todas fechadas, até se entendia. Mas, hoje, com as coisas abertas, a vida de Guilherme voltou ao normal. A única coisa que ele não faz é ir para a escola. Ele sabe que, em casa, tem regras a seguir e ele às segue, pois é uma coisa que é feita com ele desde pequeno. Da mesma forma na rua, com ele respeitando os protcolos, usando máscara e respeitando o distanciamento social”, disse ela.
Outra mãe de aluno que tem percebido nos filhos os efeitos da suspensão das aulas, há quase um ano, é a médica oftalmologista, Sinaide Azevedo Rocha. Para ela, tanto Pedro, de 17 anos, quanto Beatriz, de 15, tem demonstrando um comportamento mais introspectivo nesses últimos meses.
“Percebo eles mais cabisbaixos, mais tristes, sentindo a falta dessa relação da prática de esporte e outras atividades em grupos. Eles entraram no mundo virtual, literalmente. Se isolaram, vivem praticamente 24 horas na frente de um dispositivo. Com isso, as relações interpessoais ficam prejudicadas, aquela coisa do olho-a-olho. Isso traz muitos prejuízos para a saúde mental”, comenta Sinaide.
Ela acredita que os cuidados são sim necessários para se evitar a disseminação da covid-19, mas que alguns exageros estão sendo cometidos com relação à doença. Sinaide confia que as escolas estão preparadas para receber os alunos de uma forma segura.
“Acredito que esse retorno deva acontecer o mais breve possível. Além dos prejuízos pedagógicos, uma vez que a aula on-line não é tão eficiente quanto a presencial, temos que ter uma preocupação com relação à saúde mental dos filhos adolescentes, uma vez que esta é uma fase a qual eles precisam viver em grupos e quando começam a ter uma certa liberdade. E, querendo ou não, um dos locais onde eles encontram mais isso é na escola”, afirma a médica.
Receio
Por outro lado, há uma parcela das mães que ainda vê com certa preocupação a retomada das aulas. Mãe da estudante Bruna, de 17 anos, a jornalista Cleusa Duarte acredita que as perdas, para os alunos, se darão apenas na socialização entre os colegas. Contudo, ela define isso como um momento passageiro e que pode ser superado com a ajuda de profissionais específicos, além dos próprios amigos e as experiências de vida adquiridas.
“A gente passou praticamente um ano sem aula. Vamos ter prejuízos? sim. Mas esses se recuperam. A vida, não. Eu, por exemplo, tenho 60 anos e a vacina vai demorar de chegar até a mim. Meu tipo de comorbidade eu não sei se, quando a vacina chegar, eu terei prioridade para recebê-la. Minha filha vai para a rua, mas nós moramos juntas, na mesma casa. Eu só tenho a ela e ela só tem a mim. Como é que vai ser isso?”, questiona.
Para ela, a única forma de se voltar às aulas é com a vacinação de boa parte do público-alvo. “Minha filha sabe de todos os protocolos e os segue. Mas, eu já dei aula e como é que você vai mater as crianças seguindo as regras, com o uso de máscara e álcool em gel? Se for assim, não valeu de nada ter ficado em casa, se protegendo. Outra coisa: os estudantes das escolas públicas mal tiveram essa aula remota. Ao tiver de voltar às aulas presenciais, não está sendo levado em conta que eles terão de se aglomerar em ônibus. Eu sou a favor sim, de que o ensino remoto, nas escolas públicas, seja muito melhorado”, diz Cleusa Duarte.
Já para a bióloga Luciana Leite que tem dois filhos, um deles em idade escolar, as aulas já teriam voltado, ainda que no formato híbrido ou com salas reduzidas. Isso, de acordo com ela, observando os danos causados pela ausência da escola na vida das crianças. Porém, ela ainda tem algumas ressalvas.
“Não tem porque abrir cinema e comércio e não abrir escola. É uma contradição imensa. Tem muita criança sofrendo muito, por exemplo, com violência, restrição de alimentação, entre outras coisas por não estar indo à escola. Entendo a escola como medida protetiva pra crianças em vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, sei do risco do retorno às aulas. Não quero que meus filhos e nem ninguém se contamine”, ressalta.
Modelo
A expectativa é a de que, com esse martelo batido, o modelo se dê da seguinte forma: uma parte da turma teria aulas presenciais em dias alternados, enquanto a outra parte acompanharia através da internet – por exemplo grupo 1 teria aulas às segundas, quartas e sextas-feiras, com o grupo 2 indo até as unidades de ensino às terças e quintas-feiras. Na semana seguinte, a forma se inverteria.
Porém, a sinalização da volta as atividades escolares tem encontrado resistências por parte dos professores. Na última quinta-feira (4), o coordenador-geral da APLB, sindicato que representa a categoria na Bahia, foi enfático ao afirmar que os docentes podem entrar em greve caso sejam forçados a voltar a lecionar neste cenário de pandemia.
De acordo com ele, o caminho seria colocar o segmento como grupo prioritário para a vacinação e garantir a seguranças dos professores em sala de aula.
“Não pode ter aula presencial sem vacina. É inadmissível um país onde todo dia morrem mais de mil pessoas, a gente querer discutir aulas presenciais. Isso é um crime! E ainda tem pessoas que não querem tomar vacina e querem aula presencial, é [ideia de] quem nunca pisou em uma escola e não entende de educação”, disse.
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