Votação de prioridade da Previdência causa implosão na oposição na Assembleia

Ocorrida dia 18 de dezembro, a votação do regime de prioridade para a reforma da Previdência do estado implodiu a bancada da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia. Nem o projeto nem a sessão estavam previstas, uma vez que o orçamento de 2020 fora votado na véspera, o que daria início ao recesso. No mesmo dia 17, o governador Rui Costa enviou ao legislativo a Proposta de Emenda à Constituição n. 157, adequando as normas previdenciárias às mudanças feitas na esfera federal. Mesmo com menos de 10 parlamentares em plenário, acordo com aval do líder da minoria, Targino Machado (DEM), permitiu a aprovação do regime de prioridade, autorizando a tramitação da matéria em janeiro, mês do recesso parlamentar.

O Muita Informação teve acesso a aúdios, conversas no WhatsApp e depoimentos em off sobre a temperatura alta na Minoria no dia da votação, em decorrência desse aval. O clima ficou tenso. Deputados como Alan Sanches, Paulo Câmara, Marcel Moraes, Soldado Prisco (PSDB), Luciano Simões Filho e Pedro Tavares (DEM) questionaram o líder da minoria, falaram em traição, não cumprimento de palavra dada e, parte do grupo, disse que passaria a ser liderado diretamente pelo prefeito ACM Neto, e não mais por Targino. Soldado Prisco, por exemplo, estava na Assembleia mas não foi ao plenário.

Nas conversas no WhatsApp, primeiro há a informação consensual  de que não haveria votação no plenário no dia 18. No final da tarde, o líder Targino Machado anuncia a votação de prioridade na PEC 157, atribuindo ao prefeito ACM Neto a autorização para a votação. Deputados como Marcel Moraes manifestaram incoformidade com a alteração de rumo sem ouvir a bancada. Na reação, o grupo de insatisfeitos chegou a prometer não mais cumprir acordo de lideranças. 

“Se você tomar qualquer atitude, não contará comigo. Se você quiser qualquer coisa fale agora com meu líder, ACM Neto. Não mais acompanharei as suas decisões. Seguirei apenas as decisões de ACM Neto”, sentenciou o deputado Alan Sanches. A DR em janeiro vai ser grande.

“A não ser que tenha outra coisa que não foi colocada as claras aqui. Uma vergonha”, emendou o deputado Paulo Câmara. O tucano, que questionou o fato de a decisão ter sido tomada à revelia, afirmou no grupo dos deputados da minoria que a votação fora acertada em um restaurante na véspera e somente minutos antes da sessão a decisão foi informada. “A maior traição de todas até agora”, concluiu.

Na verdade, os deputados estranharam ainda o fato de o líder oposicionista ter dado a palavra de que não haveria votação e ficar esticando a sessão, que normalmente cairia no pequeno expediente, às 15h30. “Isso, até o próprio Targino avisar as 18h que teria votação e as 18h15 a votação ser encerrada. Mesmo ele informando que não teria votação de forma nenhuma”, completou outro deputado da oposição.

O Muita Informação tentou falar com Targino Machado nesta sexta-feira (27) mas não conseguiu retorno.