Psicólogo faz campanha de conscientização para humanização de pessoas trans

“Todo o tempo estamos julgando, falando do outro, sem saber o que esta pessoa está passando, se ela está ou não confortável dentro da sua própria pele. Não sabemos das dores, das angústias, dos sentimentos em gerais”, essa foi a frase que a drag queen Sabrina Sasha finalizou o vídeo emocionante de 5 minutos e 28 segundos, publicado em seu perfil do Instagram. A mensagem teve o intuito de conscientizar as pessoas a ‘humanizar’ o outro e as consequências que o preconceito e julgamento pode causar nos seres humanos. 

Sabrina é uma personagem interpretada pelo psicólogo Franklin Xavier, que como relata no vídeo, surgiu após o suicídio de uma amiga transexual, a feirense Priscila* que ele conheceu em um fórum na Web. De acordo com a artista, a jovem teve uma vida difícil, foi expulsa de casa aos 14 anos por ser uma pessoa trans. Os pais dela não entendiam isso e sem saber para onde ir, Priscila* foi “empurrada para a prostituição”.

Sabrina Sasha conscientiza com vídeo ‘Olhe para o outro e o humanize‘

“Tudo isso [a personagem Sabrina] começou quando Franklin estava no 5º semestre de Psicologia. Ele conheceu uma menina muito especial chamada Priscila*, e Franklin não entendia nada sobre identidade de gênero e *Priscila era uma menina trans. Mesmo sem ele entender nada [o psicólogo, que era estudante na época], ele respeitava muito isso”. relata Sabrina em vídeo.

“Ele não entendia e Priscila começou a explicar sobre [identidade de gênero] e Franklin  foi se fascinando por essa vivência e começou a escrever seu trabalho de conclusão de curso sobre *Priscila. Uma certa manhã, Franklin recebeu uma ligação e do outro lado da linha uma outra garota falava que infelizmente *Priscila tinha cometido suicídio”, completou emocionada no vídeo. 

A trágica notícia aconteceu quando o Franklin estava na segunda matéria do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado de ‘A Construção da Subjetividade da Mulher Trans na Cidade de Feira de Santana”. E então, como forma de homenagear a amiga que conhecia há 8 meses, Sabrina relata que surgiu na vida de Franklin. 

“*Priscila me trouxe, eu surgi como uma homenagem a ela, uma homenagem mais singela possível, com muito amor e dedicação e Franklin sempre pensa que se não fosse *Priscila eu não existiria. Porque eu era preconceituosa que veio de uma família cristã, onde tudo era muito errado e *Priscila me trouxe de presente a Franklin… A mensagem que quero passar pra você hoje é que você olhe para o outro e o humanize”, finaliza.

Suicídio de pessoas trans

Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), no primeiro semestre de 2019, foram registrados 12 suicídios de pessoas transgênero no Brasil. Já no mesmo período de 2020, foram 16 suicídios mapeados prepresentando um aumento de 34% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo 6 homens trans/transmasculines e 10 travestis/mulheres trans. A associação defende que esses números se devem ao fato de que as pessoas LGBTs comumente são excluídas de vários grupos sociais, seja pelos próprios pais, familiares ou pela sociedade, tendo constantemente sua orientação e/ou identidade questionadas.

Vídeo 

Veja o vídeo publicado aqui.