Presidente da ABI, Walter Pinheiro lamenta ameaças de Bolsonaro a jornalistas

O presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, lamentou as ameaças desferidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a uma profissional do jornal O Globo, no último domingo (23), em Brasília, após ter sido perguntado sobre o recebimento, por parte da primeira-dama, Michelle, do montante de R$ 89 mil feito pelo ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Na ocasião, Bolsonaro respondeu de forma incisiva: “Minha vontade é encher tua boca na porrada”.

“Eu não posso ver de forma diferente. Eu acho que já era de se imaginar que essa fase belicosa e grosseira tivesse sido ultrapassada, até porque a experiência que ele mesmo tem tido, que é a de portando-se da forma como se espera de um presidente, os resultados vem se mostrando benéficos, diante de toda uma comunidade. As pesquisas mostram isso”, afirmou Pinheiro, ao Portal M!, nesta segunda-feira (24).

“Não se pode pactuar com esse tipo de reação com alguém, muito menos com um profissional que está cumprindo com o seu papel e lhe faz uma pergunta. A resposta poderia até ser ‘não há resposta’ ou ele poderia mesmo até se calar. Mas nunca uma manifestação tão grosseira, ainda mais dirigido a uma mulher, o que é um fato agravante”, ressaltou o presidente da ABI.

Ainda conforme Pinheiro, o comportamento mais agressivo de Bolsonaro tem sido incorporado por algumas pessoas na sociedade brasileira, sendo que é necessária uma luta para que isso acabe.

“Este é um sentimento que existe e que, infelizmente, diante de tantas e tantas outras coisas que vêm acontecendo (…) as pessoas vêm incorporando esse estilo que temos que lutar para que acabe. Bolsonaro, de acordo com o momento em que ele vive, se sente a vontade para agir desta forma (…) O ‘cala boca’ que houve foi uma outra manifestação a qual a gente já não podia considerar como algo aceitável. A fala induz a uma agressão. Não cabe a um presidente da República se manifestar assim. Aliás, isso não cabe a ninguém, nem tampouco ouvir, ainda mais um profissional de imprensa e que apenas está cumprindo com o seu papel diante da pergunta sobre um fato que existe e está registrado. Nada foi inventado”, analisou o dirigente.