Grupo ligado a facção criminosa dominava cargos e licitações da Saúde e coleta de lixo em cidade de SP

Uma investigação da Polícia Civil de São Paulo identificou atividades de um ramo do Primeiro Comando da Capital (PCC), cujo nível de organização e penetração no poder público é semelhante ao das máfias italianas. As informações são do jornal Estado de S.Paulo.

A Operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo, em italiano), deflagrada pela corporação, desmontou a organização criminosa. Os trabalhos apontaram que bandidos da facção não só dominaram o setor de saúde da  cidade de Arujá, na Grande São Paulo, como também dominavam a coleta de lixo. O grupo fraudava licitações, empregavam protegidos no governo, ameaçavam concorrentes e até desviavam medicamentos comprados pelo município para misturar à cocaína vendida pelo PCC.

De acordo com o delegado Fernando José Santiago, o esquema tinha a participação do vice-prefeito da cidade, Márcio José de Oliveira (PRB), que chegou a ser preso no último dia 30 de juho, junto com outros sete acusados de envolvimento no esquema que nasceu como uma forma de lavar dinheiro do tráfico de drogas e agregou à organização criminosa os crimes surgidos pelo domínio da administração da cidade.

Ainda segundo a investigações, o grupo teria recebido R$ 77 milhões em contratos da Prefeitura. O acusado de liderar o grupo era Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, um dos maiores do PCC, que está foragido.

Ele manteria ligações com André Oliveira Macedo, o André do Rap, um dos maiores traficantes do PCC. Preso em 2019, André do Rap mantinha ligações com a ‘Ndrangheta – máfia de origem calabresa, hoje a mais poderosa da Europa – para enviar droga para ao Velho Continente e com integrantes do cartel de Sinaloa, o mais importante do narcotráfico do México.

De acordo com a polícia, Gordo é dono de um patrimônio que envolve sítios, casas, carros de luxo e embarcações. Além de políticos de Arujá, ele teria sido flagrado mantendo contatos com deputados de São Paulo. 

No município, a ação do grupo começou em 2016, durante a campanha para prefeito, quando Gordo procurou o vice-prefeito da cidade, Márcio Oliveira, oferecendo dinheiro para a campanha do prefeito José Luiz Monteiro (MDB) em troca da promessa de, caso a chapa fosse eleita, o traficante teria o controle dos serviços de saúde e coleta de lixo da cidade.