“Pregamos pluralidade, mas somos conservadores da porta para dentro”, avalia vice-presidente sobre machismo na OAB

Atuante em questões relacionadas aos direitos das mulheres, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reproduz práticas machistas em sua própria estrutura. Na avaliação da vice-presidente da seção Bahia, a advogada Ana Patrícia Dantas Leão, a entidade vive um paradoxo ao passo que prega a igualdade de gênero nas relações sociopolíticas enquanto limita a participação de advogadas em suas decisões internas.

“O papel da mulher no panorama atual é promover uma mudança. Na OAB, é notável que pregamos pluralidade, mas somos conservadores da porta para dentro. Na mudança deste cenário, eu ressalto a luta pela aprovação do projeto de paridade de gênero na OAB ‘Valentina'”, afirmou a advogada, citando a iniciativa da conselheira federal por Goiás Valentina Jungmann, que aumenta o percentual mínimo de mulheres nas chapas formadas para as eleições da OAB, de 30% para 50%. 

Sobre as eleições na seção baiana da entidade, Ana Patrícia defendeu que haja maior participação das advogadas. “Para a mulher, é grande o desafio em participar da política, porque elas ganham menos que os homens e as campanhas são caras. Diante disso, defendo uma mudança no sistema eleitoral, sem chapas fechadas, com maior representatividade e, também, que as mulheres não tenham de ter um alto investimento para participar”, explanou a vice-presidente da OAB-BA.

Ana Patrícia participou, nesta quinta-feira (13), de uma edição do ‘A Tarde conecta’, um debate virtual promovido pelo jornal A Tarde e mediado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra. A conversa, que teve como tema “O papel da mulher na OAB, Judiciário e Ministério Público”, também contou com a participação da procuradora-geral de Justiça, Norma Angélica, da Juíza e presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) e da desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) Nágila Brito.