“Ruy Barbosa está muito presente na vida brasileira hoje”, aponta presidente da ABI na pré-estreia de ‘A Voz de Ruy’

O presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques, marcou presença na pré-estreia do filme ‘A Voz de Ruy’, que acontece na noite desta segunda-feira (4), no Cine Glauber Rocha, na praça Castro Alves. Em entrevista ao Portal M!, Marques enfatizou que o jurista “está muito presente na vida brasileira hoje”. Como exemplo, o jornalista citou temas como a liberdade de imprensa, fake news, militares na política, entre outros. 

“O filme faz com que as pessoas entendam o que a gente tem dito nos últimos, sei lá, 3, 4 anos, que a gente tem perseguido esse objetivo. Primeiro, que Ruy Barbosa está muito presente na vida brasileira hoje. Porque toda sensação, todos esses grandes dilemas que a gente está enfrentando hoje tem referência na vida e na obra de Ruy. Se você quer falar sobre liberdade de imprensa, está lá Ruy. Se quiser falar sobre fake news, também. Militares na política, idem. Papel das cortes superiores, está lá. Controle de contas públicas, está lá”, afirmou.

Em função disso, Ernesto ressaltou que a passagem de Ruy pela política brasileira foi “muito marcante”, e enfatizou que o mesmo não é chamado de “Arquiteto da República à toa”. “Foi quem redesenhou o Estado brasileiro na transição de Monarquia para a República, quem também se desapontou com a República nos anos iniciais e ele não teve chance de ver os desdobramentos daquilo ali. Mas todas as contradições, as crises, os dilemas que a gente tem enfrentado têm referência na obra de Ruy Barbosa como político, como jornalista, como diplomata, como jurista. E conhecer um pouco mais ajuda a gente a entender esses dilemas que a gente vive hoje. Por isso que é muito importante e precioso ouvir a voz de Ruy”, avaliou. 

Casa da Palavra Ruy Barbosa

Guardiã da memória de Ruy Barbosa, a ABI já apresentou uma proposta de requalificação do Museu Casa de Ruy Barbosa. O projeto, que prevê a reestruturação do equipamento em homenagem ao jurista e jornalista baiano, propõe que o espaço seja rebatizado de Casa da Palavra Ruy Barbosa. Perguntado sobre o assunto, Ernesto ressaltou que esta é uma pauta que foi abraçada pela entidade. 

“A ABI é a guardiã da memória de Ruy Barbosa desde os primeiros anos de fundação. Por muito pouco, a sede da ABI não foi construída ali, exatamente naquele local. A vida de Ruy Barbosa e a vida da ABI estão absolutamente imbricadas. As pessoas às vezes estranham, mas por que a ABI, uma entidade de imprensa, cuida da memória de Ruy? Fundamentalmente porque Ruy também foi um jornalista, um jornalista apaixonado, muito atuante, e alguém que conseguiu ter a dimensão nacional que teve, quando nem sequer existia emissora de rádio, foi através da imprensa. Ele sempre reconheceu isso e se dizia um jornalista apaixonado”, enfatizou. 

O presidente da ABI também relembrou que o imóvel foi doado para a entidade e, posteriormente, foi reconstruído com a participação do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que havia acabado de surgir na época. 

“A doação daquele imóvel para a ABI, a reconstrução do imóvel com a participação do Iphan, que tinha acabado de nascer naquela altura, um esforço que mobilizou a sociedade baiana, que reuniu acervos, etc. Tudo isso aumenta muito a responsabilidade da Associação Bahiana de Imprensa. A nossa determinação é devolver a cidade, ao Centro Histórico, não o museu como ele era antes, mas repaginado como Casa da Palavra Rui Barbosa”, ressaltou. 

Ernesto também deu detalhes do projeto, e enfatizou que o mesmo foi concebido com o objetivo de “traduzir Ruy para as novas gerações”. “Afastar essa ideia de uma personalidade hermética, inalcançável. Não é bem assim, a gente tem que compreender Ruy no tempo dele, é evidente, mas ali tem muita informação e, sobretudo, tem muitas boas provocações, que vão começar a ser vistas no filme, claro, mas quando a Casa da Palavra estiver aberta, com certeza alguém que ainda não tenha entendido a importância de Ruy Barbosa para os dias de hoje vai entender porque que é necessário ouvir a [sua] voz”.

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