Com consumo do ‘vape’ em alta, pneumologista aponta regressão na luta contra a nicotina

“Um desserviço às sociedades médicas do Brasil. Nós somos referências mundiais no controle do tabagismo”, disse  Guilhardo Fontes Ribeiro ao Podcast do Portal M!


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redacao 23/12/2023 15:20 Podcast

Mesmo sendo proibido no Brasil desde 2009, o uso do cigarro eletrônico cresce no país, em especial entre os mais jovens. A fabricação, importação, publicidade e comercialização dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) são proibidas em todo território brasileiro, por meio de resolução da Agência Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa).

Os bloqueios, contudo, não estão freando o consumo. Segundo dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), cerca de 2,2 milhões de brasileiros utilizam o produto. Já entre os mais novos, de acordo com dados do Covitel – Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, um em cada cinco jovens brasileiros, de 18 a 24 anos, usa cigarros eletrônicos.

Convidado do Podcast do Portal M!, o médico pneumologista e diretor da Associação Bahiana de Medicina, Guilhardo Fontes Ribeiro, criticou o uso do cigarro eletrônico, também conhecido como ‘vape’, e chamou de retrocesso o amplo consumo da nicotina, substância perigosa e também presente nesse produto.

Doutor em Medicina e Saúde Humana e especialista em Medicina Interna, Guilhardo é fundador da Associação Bahiana dos Portadores de DPOC. Ele também é supervisor da residência de clínica médica do Hospital Santa Izabel e coordenador do Ambulatório de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica da unidade.

“Esses cigarros e eletrônicos foram um desserviço às sociedades médicas do Brasil. Nós somos referências mundiais no controle do tabagismo, pois nós baixamos [o consumo] em 30 anos, o que jamais ninguém conseguiu fazer. Então, foi uma desconstrução de um trabalho feito por muita gente. Foi um trabalho de várias sociedades médicas, institutos, instituições governamentais e não governamentais, que trabalharam para a gente chegar ao patamar de 10% de fumantes. Corremos o risco agora de começar tudo de novo. Ou seja, novas campanhas de divulgação sobre os prejuízos. É muito semelhante, mas vamos ter que recomeçar como fizemos com o cigarro tradicional”, disse o pneumologista.

Novo trabalho de conscientização

Para Guilhardo Ribeiro, o problema já era esperado, pois foram lançados no mercado diversos cigarros de papel em modelos com filtro ou lights, com promessas falsas de que seriam menos nocivos à saúde. “O que realmente tem que ter hoje são campanhas de esclarecimento e reportagens como essa, mostrando o que vem surgindo nos últimos anos e esclarecendo, de forma definitiva, que o cigarro eletrônico é cigarro e vai trazer grandes prejuízos a curto, a médio e longo prazos”, alertou.

Outra medida elencada pelo especialista para frear o problema é a proibição da divulgação desses aparelhos, que são amplamente anunciados por influenciadores digitais através das suas redes sociais. Além disso, Guilhardo Ribeiro apontou a necessidade de aumento da fiscalização para barrar o contrabando do produto, que pode ser adquirido facilmente em qualquer espaço, como a internet, bancas de jornais e em baladas.

Por se tratar de um produto não regulamentado pela Anvisa, o pneumologista também apontou a falta de informações precisas quanto à quantidade de nicotina.

“A gente não sabe a quantidade de nicotina e, obviamente, a intenção é aumentar a dependência química, então aumentam a concentração para que as pessoas comprem cada vez mais, fiquem cada vez mais viciadas e usem cada vez mais. Então, realmente falta fiscalização, falta conscientização e falta proibição para que essas pessoas não possam fumar em lugar nenhum,  como houve com cigarro tradicional. […] Isso vai trazer problemas não só para ele, mas para as pessoas que estão ao seu redor. As substâncias ficam sempre na mesa, na cadeira, a pessoa passa a mão, bota na boca, principalmente crianças, e pode se contaminar”, completou.

Sociedade médica em alerta

Em 12 de dezembro deste ano, uma mulher de 33 anos, residente na cidade de Juazeiro, no norte da Bahia, faleceu por provável uso do cigarro eletrônico. A paciente foi vítima de sepse pulmonar, pneumonia, crise tireotóxica e hipertensão arterial sistêmica severa.

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) não se pronunciou sobre o assunto porque o óbito ocorreu em um hospital particular localizado na cidade de Petrolina (PE), divisa com Juazeiro (BA).

No mesmo dia, a Anvisa abriu uma consulta pública, para ouvir da sociedade se os cigarros eletrônicos devem ser regulamentados no país. A participação tem sido feita principalmente por especialistas da área médica.

Guilhardo Ribeiro afirmou que, de modo geral, todas as sociedades médicas já se pronunciaram, em 2022, sobre os riscos do uso do cigarro eletrônico, reforçando a descontinuação dessa prática.

“O pessoal da Sociedade Brasileira de Pneumologia, o coordenador de Tabagismo, Paulo Corrêa, mandou uma carta em nome de todas as sociedades médicas, cirúrgica torácica, clínica médica, pneumologia, oncologia… Todas as entidades médicas são contra, e a Anvisa sabe disso. Agora, precisa dessa consulta pública, claro que está todo mundo preocupado, porque seria realmente um recomeço, a gente tem que recomeçar, é sempre difícil, mas acreditamos que não vai ser necessário. Eu acho que a Anvisa é coerente, é sensata, e ela vai manter a proibição desses cigarros eletrônicos, que só trazem prejuízo”, defendeu.

Confira o podcast na íntegra:

Muita Informação · MI – GUILHARDO FONTES

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