“Uma desconstrução do trabalho contra o tabagismo nos últimos 30 anos”, diz pneumologista sobre alta no consumo de ‘vape’
Convidado do Podcast do M!, Guilhardo Ribeiro foi enfático: “Ele não é um substituto, não é uma forma de tratamento, não é nenhum tipo de remédio. Por isso que é proibido em 40 países”
O cigarro eletrônico tem sido amplamente difundido como uma forma de cessar o tabagismo convencional. Essa ideia – ‘comprada’ pelo senso comum – não é apenas falsa, como também é oposta à proposta de frear o uso do tabaco. Segundo o estudo “Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos”, elaborado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) e publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva, o uso de cigarros eletrônicos aumenta em quase três vezes e meia o risco de experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro a possibilidade de vício.
Para falar sobre os malefícios do uso do cigarro eletrônico, o chamado ‘vape’, e desmistificar de vez a ideia de que o produto não é nocivo à saúde, o Podcast do Portal M! recebeu o médico pneumologista e diretor da Associação Bahiana de Medicina, Guilhardo Fontes Ribeiro.
Doutor em Medicina e Saúde Humana, especialista em medicina interna, ele é fundador da Associação Bahiana dos Portadores de DPOC. O profissional também é supervisor da residência de clínica médica do Hospital Santa Izabel, coordenador do Ambulatório de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica da unidade e ainda leciona na Fundação Bahiana para Desenvolvimento das Ciências e na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC).
Segundo Guilhardo Ribeiro, definitivamente o cigarro eletrônico não pode ser visto como um substituto para o tradicional, nem tampouco encarado como um tratamento.
“Por isso que ele é proibido em 40 países. É uma verdadeira desconstrução do trabalho que foi feito no tabagismo nos últimos 30 anos, nós saímos do patamar de 35% e passamos para o patamar de 10%. Agora, [surge o] cigarro eletrônico visando mais uma população mais jovem, com sabores e aromas bastante diversificados. Veio com a história de que poderia ser saudável ou menos danoso à saúde. O que a gente sabe é que já vimos essa história no passado, com cigarro light, ultra light, mostrando que você podia deixar de fumar, fumando. Isso não é verdade. Toda sociedade médica que existe no Brasil é contra a liberação do cigarro eletrônico”, enfatizou o pneumologista.
O ‘vape’ combina nicotina com outras substâncias tóxicas e, além de doenças respiratórias graves, pode causar vários tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o cigarro é responsável por 25% de todas as mortes por câncer no mundo. Em maio de 2022, a Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, lançou uma campanha com o slogan “Não se engane: cigarro eletrônico é cigarro”.
Toda fumaça é nociva ao organismo
Guilhardo Ribeiro destacou que, além das substâncias tóxicas que compõem o cigarro eletrônico, a fumaça também pode fazer mal. “Qualquer substância aspirada, seja ela maconha, crack, vape ou cigarro tradicional, é extremamente prejudicial”, alerta. Segundo ele, esse consumo pode, inclusive, resultar em um envelhecimento precoce do pulmão.
“As crianças que começam a fumar, elas estão com pulmão em desenvolvimento, cérebro em desenvolvimento. Então, obviamente, elas vão ter déficit de concentração e doenças respiratórias em uma idade muito precoce. E eu diria que eles têm agravamento das doenças respiratórias que já apresentam, doenças alérgicas, rinite, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica em pessoas com idade ainda muito jovem, muito mais jovem do que o cigarro tradicional, que normalmente passava a surgir depois de 50. Hoje está aparecendo em pessoas com 40, 35 anos”, explicou o especialista.
Segundo Guilhardo Ribeiro, o uso do cigarro eletrônico ainda é uma prática recente, de cerca de 20 anos para cá. Assim, ainda não se pode determinar todas as doenças que o consumo do produto pode causar, contudo, a ciência já compreende o surgimento ou o agravamento de diversas enfermidades em decorrência disso.
Confira o podcast na íntegra:
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