Mandetta confronta Bolsonaro e admite que casos de covid-19 estão subnotificados no Brasil

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, afirmou na noite desse domingo (7), durante entrevista exclusiva ao Fantástico, que os casos de covid-19 estão subnotificados no Brasil. Do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, Mandetta não escondeu a irritação como o presidente Jair Bolsonaro, que vem descumprindo as orientações do Ministério, sobretudo, do distanciamento social.

O ministro cobrou “uma fala unificada” do governo. “Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva o brasileiro a uma dubiedade. Ele não sabe se ele escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente, quem ele escuta”, disse.

Na entrevista, Mandetta afirmou também que o Brasil ainda não chegou ao momento mais crítico da pandemia. O país tinha, até este domingo (12), mais de 22 mil casos da doença. “A gente acha que maio e junho vão ser realmente os nossos meses mais duros”, alertou ele, falando do risco de colapso na rede privada e pública de Saúde  

Bolsonaro chegou a dizer mais cedo, em uma live de páscoa com líderes religiosos, que a “questão do vírus parecia estar indo embora”. O discurso vai de encontro ao do ministro, que afirmou no Fantástico que o comportamento da doença e as projeções de vítimas dependerão das atitudes da sociedade sobre seguir o isolamento social ou não.

“Ela [divergência entre discursos] preocupa porque a população olha e fala assim: será que o ministro da saúde é contra o presidente? E não há ninguém contra ou a favor de nada. É o que eu digo, o nosso inimigo, o nosso adversário, quem que a gente tem que ter foco para falar ó é esse aqui que é o nosso problema é o coronavírus”, disparou.

Números 

O Ministério da Saúde divulgou, na tarde deste domingo (12) os números do novo coronavírus. De acordo com a pasta, o número de infectados é de 22.169. Isso representa um aumento de 1.442 casos em relação ao balanço divulgado no sábado (11). O número de mortes chegou a 1.223. A taxa de letalidade do vírus vem crescendo no Brasil e chegou a 5,5%. O estado de São Paulo concentra o maior número tanto de casos (8.755) quanto de mortes (588).