Especialista alerta que faltam políticas públicas para reduzir incidência de câncer de colo uterino no Norte e Nordeste

Convidada do Podcast do M!, a ginecologista Ana Gabriela Travassos explica por que as regiões concentram o maior número de casos da doença no Brasil


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redacao 29/01/2023 15:00 Podcast

O Janeiro Verde é uma campanha dedicada à prevenção ao câncer de colo uterino, terceiro tipo de tumor mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do de mama e do colorretal, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para este ano, são estimados 17.010 novos casos da doença, o que representa uma um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres. Este tipo de tumor é também a quarta causa de morte por câncer entre a população feminina no Brasil.

A incidência da doença é maior nas regiões Norte e Nordeste do país, que ocupam o primeiro e o segundo lugares, respectivamente, em números de casos. Levantamento realizado em 2022 pelo Inca mostra que na região Norte a estimativa de incidência é de 20,48 a cada 100 mil mulheres. Já no Nordeste, é de 17,59 a cada 100 mil.

Para entender as características desse tipo de câncer, bem como os fatores que influenciam na  significativa incidência em regiões brasileiras específicas, o Podcast do Portal M! conversou com a ginecologista Ana Gabriela Travassos, que atende na clínica AMO. Graduada em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), ela é mestra em Patologia Humana pela Fiocruz/Ufba e doutora em Medicina e Saúde pela mesma instituição.

Segundo Ana Gabriela, o problema está na dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento necessário nessas regiões, principalmente em pequenos municípios.

“O acesso à realização do exame Papanicolau, que faz a prevenção ao identificar lesões precursoras, é muito reduzido nessas regiões. O alcance da atenção básica à saúde e os postos de saúde ainda não alcançaram a quantidade suficiente de mulheres para que se tenha uma prevenção efetiva”, afirma.

A especialista acredita que são sempre as mesmas mulheres que têm acesso ao exame preventivo e que vêm realizando o procedimento regularmente. Desta forma, as outras, que passam muitos anos sem fazer a coleta do Papanicolau, com o passar do tempo, acabam sofrendo uma evolução indesejada nas lesões iniciais não identificadas e desenvolvendo um quadro de câncer.

Uma parcela significativa do público feminino só procura ajuda médica quando percebe sintomas alarmantes, como sangramento vaginal fora do período menstrual, dores durante as relações sexuais e secreções com odores fortes. Nesse estágio sintomático, no entanto, o câncer de colo de útero já está avançado.

Ana Gabriela Travassos alertam que faltam políticas públicas de  de planejamento, estruturação e monitoramento para reverter esse quadro em regiões específicas do Brasil.

“Falta um planejamento para identificar onde estão os lugares com mulheres que não têm acesso à prevenção do câncer. Por exemplo, a gente está em um momento ímpar, pois, para ter acesso à vacina contra a Covid-19, todo mundo se cadastrou no SUS e, com isso, se tem acesso à faixa etária das mulheres. Só que é preciso ter aquele profissional que vai fazer a coleta do Papanicolau nos bairros, nas regiões e em cada cidade pequena. Depois, deve se ter agilidade para fazer a leitura desse material, que tem que ir para um centro onde exista um laboratório que faça essa leitura. Esse resultado precisa chegar para aquela equipe de saúde que está cuidando daquela mulher. Em caso de resultado positivo ou de alteração, é preciso haver estrutura para que haja um serviço de especialização de ponta para tratar aquelas lesões iniciais”, detalhou.

A ginecologista destaca que as campanhas de conscientização, além de não serem constantes, não são elaboradas de forma a atender as particularidades daquelas regiões.

“Acontece o seguinte: vai um ônibus para uma determinada cidade, faz a coleta das mulheres que, muitas vezes, não têm acesso a esse resultado, e, quando esse resultado chega, não tem o que fazer com ele, pois não há um profissional para mostrar aquele exame. Caso o exame esteja alterado, o profissional também não tem para onde encaminhar aquela paciente. Acontece também do agendamento do serviço de referência demorar muito, então, muitas vezes, aquela mulher desiste. Então, o que a gente precisa de política pública são programas que sejam constantes, não apenas esporádicos, e com todas as etapas do planejamento, efetivação, monitoramento e tratamento adequado”, concluiu a especialista.


Confira o podcast na íntegra:

Muita Informação · M! – ANA GABRIELA TRAVASSOS

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