O perdão como presente de Natal
Por que não aproveitar o período de festas de final de ano e perdoar? Veja que grande presente é possível dar para alguém e para si mesmo!
Com o Natal vem aquela sensação de que as pessoas são boas, mas perdem tempo o ano inteiro não sendo tão boas assim. Surge o “Espírito Natalino” abrindo espaço para que, de fato, possamos nos unir em algo comum e positivo: o amor. Para isso acontecer, entre tantas possibilidades, basta uma ação simples: perdoar. Simples, mas nem sempre fácil. O que mais atrapalha esse processo é o orgulho, no sentido da pessoa se sentir diferenciada, superior, melhor que as outras, e, portanto, qualquer coisa feita contra é considerada inaceitável. No entanto, chega uma hora em que é preciso dar um basta, e passar a viver os aspectos positivos e construtivos da vida.
Vamos exercitar a imaginação. Pense em uma situação em que lhe magoaram. Pense, também, que quem lhe magoou percebeu o que fez, se arrependeu dos seus atos, e pediu sinceras desculpas a você. Talvez você não esteja preparado(a) ou disposto(a) a perdoar, e mantém viva a dor emocional. O que acontece é que você está arrastando consigo o ressentimento e a constante lembrança da causa do seu sofrimento, o que o(a) coloca em um círculo vicioso, na repetição contínua do binômio “lembrar-sofrer”, ou “lembrar e ter raiva”. Qualquer pessoa pode ser, de fato, vítima de algo ou alguém, mas pode, também, estacionar nesse lugar, e ficar prolongando o sofrimento original pela vida toda. Ocorre que, muitas vezes, continuar como a eterna vítima é um lugar bem confortável, que transforma o(a) outro(a) em eterno devedor, e isso acaba justificando uma série de posturas, ações e emoções ruins, que nada tem a ver com a causa primeira da dor. Ficar na posição de vítima também pode ser uma fuga dos próprios fantasmas emocionais da infância, ou de situações traumáticas. Seja como for, é preciso encarar a realidade como ela é, não como gostaríamos que ela fosse. O perdão, então, surge como uma saída libertadora do sofrimento.
Há várias maneiras de se preparar para perdoar e cada um acaba achando seu melhor caminho. Um possível primeiro passo é sair da posição de vítima e fugir do pensamento de que foi injustiçada(o), mesmo tendo feito tudo certo. Diante da pergunta: “por que isso aconteceu comigo?” a resposta é relativamente simples: porque você é um ser humano imperfeito cercado de seres humanos imperfeitos. Ou seja, todos erram, inclusive você. Mas vem outra questão: “eu pedi perdão, mas não fui perdoado”. Nesse caso, você fez a sua parte e, se o outro (ainda) não consegue lhe perdoar, a dificuldade está com ele, que pode ter várias causas subjetivas impedindo, mas que precisa revisar suas crenças, e expulsar o provável orgulho que nele habita. Enfim, são várias as situações envolvendo o orgulho, e suas armadilhas e disfarces, o que torna difícil a missão de derrotá-lo. O perdão, portanto, deve vir da essência de cada um, e não significa que se vá esquecer o que aconteceu, mas vai permitir compreender o todo, e seguir em frente.
Na célebre passagem do Novo Testamento, a mulher adúltera é levada por uma multidão para ser morta, de acordo com a lei da época, por apedrejamento. Antes, no entanto, a levam à presença de Jesus, e perguntam maliciosamente o que Ele achava daquela situação, que estava na lei, mas ia de encontro à mensagem de paz e amor por Ele pregada. Jesus, então, diz para a multidão que quem nunca tivesse errado, que atirasse a primeira pedra naquela mulher. Ninguém atirou nada e foram embora lembrando das tantas besteiras que já tinham feito. Na sequência, Jesus pergunta à mulher, ainda no chão, se ele está vendo alguém que a julgou e condenou, ao que ela respondeu que não. Ele, então, lhe diz que também não a julgará, e que ela deve se arrepender, seguir em frente, e não errar novamente. Uma das mensagens dessa história é que você não deve julgar; outra é que você pode errar, e, quando se arrepender, conseguirá seguir o fluxo da vida, que é para frente. Ficar preso a um erro sofrendo com a culpa, ou por não ter o perdão alheio, pode fazer tanto ou mais mal, quanto o feito pelo ato equivocado. Veja, nem Jesus Cristo condenou a adúltera, ao contrário, mostrou o caminho a seguir, mas alguém vem de lá e diz: “é porque não foi com você!”. Essas são as palavras de quem não quer sair da posição de vítima, e, com base em seu rancor, não tem limite para cessar com o sofrimento que se autoimpõe, e a quem lhe fez algo. Perdoar não é abrir mão do senso de justiça, mas, sim, de ser juiz(a).
Um caminho para o perdão é compreender, como dito, que não há ninguém perfeito. Depois, é necessário procurar entender o contexto, que leva alguém a fazer escolhas problemáticas. Será que uma atitude ruim, reflexo da imaturidade emocional, foi de alguém de boa índole? Será que a atitude do(a) outro(a), mesmo moralmente recriminável, não é uma reação? Enfim, é preciso ampliar a análise para além do “eu sofri, você pagará”, o que trará respostas bem esclarecedoras. Pergunte-se: “se eu estivesse no lugar do(a) outro(a) eu não faria a mesma coisa?” Será?! Outra coisa que pode acontecer é a pessoa sofrer sozinha, mesmo depois de perdoada, pois mantém a culpa ativa. Uma pessoa, por exemplo, faz algo errado, se arrepende, mas não consegue se perdoar, e entra no ciclo de autopunição, autossabotagem, autodepreciação, e sofrimento constantes, que podem também estar aliados à baixa autoestima e ao medo da rejeição. Para isso, é necessário o exercício do autoamor e do autoperdão, porque a culpa é uma raiva que sentimos de nós mesmos por falhar. Não se perdoar pode ser um indicativo que o orgulho (novamente ele) não deixa você admitir que pode errar, e pune a si mesmo. Perdoe-se!
Nos dias de hoje, muitos cultivam desafetos só por pensar diferente, ou porque se mantêm na infância emocional e, por isso, qualquer frustração gera raiva. Você pode sofrer sozinho(a) ou infernizando a vida de alguém, mas manter o rancor, o ressentimento, o ódio ou qualquer sentimento negativo, obviamente, não faz bem, tanto emocional, quanto fisicamente, gerando doenças psicossomáticas de todos os tipos. Resumindo, não perdoar só faz mal. Perdoar, no entanto, nem sempre é fácil, mas é preciso para se libertar do vínculo negativo, e da pretensão de querer julgar e punir alguém. Somos seres humanos imperfeitos, mas perdoar é andar na direção da perfeição, pois é uma ato de amor, generosidade, caridade e humildade. Mesmo assim, se você não consegue perdoar de jeito nenhum, procure ajuda para seguir em frente: liberte-se do mal, e sempre abrace o amor. Você precisa e pode dar um ponto final no sofrimento!
Desejo um Feliz Natal, onde ressurja o amor em sua vida, e que ele transborde para o próximo e para o distante, e onde um abraço, uma palavra amiga, a empatia, e o perdão sejam os verdadeiros presentes que você dê e receba.
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Sergio Manzione é psicólogo clínico, administrador, podcaster, colunista sobre comportamento humano e psicologia no Portal Muita Informação!, e escreveu o livro “Viva Sem Ansiedade – oito caminhos para uma vida feliz”. @psicomanzione
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