“A retomada da economia não é mais rápida devido inflação e taxa de juros elevadas”, avalia presidente do Lide

O ano de 2022 foi marcado como o momento de retomada da economia nacional após dois anos de recessão, entre 2020 e 2021, por conta da pandemia de Covid-19. No momento mais crítico da crise sanitária, diversos setores foram afetados, uns de forma positiva, e outros negativa.

Na avaliação do presidente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), secção Bahia e da Associação Comercial da Bahia (ACB), Mário Dantas, o engatinhar da economia se dá não mais por conta dos efeitos da pandemia e o desenvolvimento só não engatou velocidades maiores por conta de “questões estruturais, como a elevação da inflação e das taxas de juros”.

“Hoje há estágios de retomada absolutamente diferentes, mas eu acredito que a retomada da economia só não está sendo mais rápida, não tanto mais as questões ligadas a pandemia, mas muito mais a uma questão estrutural de que chegamos a ter uma inflação elevada e que hoje estamos com uma taxa de juros alta e precisamos corrigir isso rapidamente”, disse em entrevista com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã, da rádio Nova Brasil FM, na segunda-feira (19).

Com o agravamento da crise, diversos setores foram obrigados a paralisar as atividades, em virtude de decretos emitidos pelos poderes públicos. Mário explicou que os efeitos foram os mais diversos, dando como exemplo, o setor de material de construção que se beneficiou.

“Houve aumento exacerbado do preço do aço e cimento por conta da alta demanda, que se chamou de construção formiguinha. As pessoas estavam reclusas em suas residências, mas continuavam a receber suas rendas. Então, todos passamos pela mesma tempestade, mas diversos setores foram afetados de formas bastante diferenciadas”, pontuou Mário Dantas.

“Mas, os setores do entretenimento, de bares e restaurantes, principalmente os ligados ao ramo de turismo, que é uma indústria que tem que ser apoiada, foram muito afetados. Esses setores distribuem renda, na essência e que é uma vocação natural do Nordeste, da nossa Bahia e da nossa cidade de Salvador”, acrescentou.

Entre soluções, de acordo com o presidente do Lide, destaca-se a política de câmbio de moeda. No entendimento dele, o Real segue desvalorizado frente ao cenário internacional, o que ocasiona no aumento da inflação, uma vez que a economia nacional pratica preços de venda na moeda nacional e a compra de câmbios estrangeiros como o Dólar e Euro.

Há uma expectativa de correção com o novo governo federal, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que assume seu terceiro mandato em 1º de janeiro, assim como Jerônimo Rodrigues, como governador da Bahia.

“Neste momento há muitas preposições, mas seguimos sempre otimistas e positivistas quanto ao novo cenário. Conheci Jerônimo e ele está muito bem intencionado. Rui Costa no governo federal vai ser muito bom para a Bahia e torço para que haja um acerto para a área econômica”, pontuou Mário Dantas.

“E acredito muito na política de câmbio e na correção do câmbio porque o Real ainda está muito desvalorizado e acho que uma política cambial pode ter um resultado muito mais rápido e mais efetivo no combate à inflação, pois pode permitir a baixa do juros e da inflação”, acrescentou.

E falar de Lula é quase que inevitável não lembrar de Jair Bolsonaro, uma vez que as Eleições 2022 racharam ainda mais o cenário político do país, principalmente com o fortalecimento de ideais extremistas alimentados ao longo dos últimos quatro anos pelos apoiadores do atual gestor federal.

Como mensagem de fim de ano, Mário Dantas citou os protestantes bolsonaristas que seguem acampados na frente dos quartéis desde o final do segundo turno do pleito, em 30 de outubro. Em tom de reflexão, ele pediu para que os brasileiros olhem mais pela nação e que àqueles que montaram acampamento por um regime ditatorial, que valorizem a democracia.

“Não vamos perguntar o que o país pode fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pelo país. Eu diria para todos esses brasileiros que têm se colocado em portas de quartéis, que ao invés de estarem lá pedindo um regime de exceção, um regime militar, pois eles não fazem ideia que é um regime fora da democracia, mas que vá para a porta do congresso, das assembleias legislativas, das Câmaras municipais e digam: ‘congressistas estamos de olho em vocês, nós queremos o melhor para a nossa cidade, o melhor para o nosso estado e para o nosso país”’, disse o presidente do Lide.

“Então, eu acredito que temos que ser todos brasileiros e apostar na democracia e entender que tivemos uma eleição que dividiu o país, mas que ela já passou e agora é o momento de olhar para um Brasil melhor, por uma Bahia melhor, por uma Salvador melhor”, completou.

*Confira a entrevista na íntegra: