Jerônimo entendeu que ele foi o candidato do grupo, diz Lídice da Mata ao criticar o “tanto faz” de ACM Neto

A deputada federal Lídice da Mata (PSB) avaliou que um dos quesitos que levou ACM Neto (União Brasil) a perder as eleições para Jerônimo Rodrigues (PT) foram o clima de ‘já ganhou’ e a falta de articulação no plano federal com a campanha do ‘tanto faz’ para presidente da República.

“Não se ganha eleição de véspera. Ela é um desafio do cotidiano, do dia a dia e Jerônimo usou de estratégia. Ele se segurou no grupo político e no prestígio que Lula tem na Bahia, além de aceitar que ele era um candidato do grupo e não sozinho. Com isso, ele foi humilde, com os pés no chão”, disse Lídice em entrevista com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no programa Nova Manhã da rádio Nova Brasil FM, desta terça-feira (8).

Após os nove dias corridos desde o final das Eleições de 2022 que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente da República e, na Bahia, Jerônimo para governador, ficou mais fácil apontar os erros de ACM Neto e os acertos do petista. A situação seria a mesma se o cenário fosse ao contrário. Nesta linha, Lídice disparou contra a equipe e ao próprio ex-prefeito de Salvador que esqueceram “que o processo eleitoral é muito mais do que uma afirmação de uma liderança pessoal”.

Na mesma via de Neto, na avaliação da parlamentar, segue Ciro na qual sua campanha nem chega na grande área do gol para emplacar um segundo turno há alguns anos. “Então, os analistas da campanha de Neto e ele mesmo não perceberam que o processo eleitoral é mais do que uma afirmação de liderança individual. Ciro Gomes continua sendo um político com muito conhecimento do povo brasleiro e tem muitos admiradores, mas não consegue avançar nas eleições. Por um lado, talvez seja porque ele tem um partido pequeno ou médio, mas com capilaridade em todos os estados, por outro, ele tem um projeto muito mais focado na sua própria personalidade”, disse Lídice, emplacando ainda:

“Tivemos uma candidatura que apresentou uma aprovação maior do eleitorado [ACM Neto] que subiu no salto alto e perdeu a partir daí”, completou a deputada, referindo-se aos cenários favoráveis das pesquisas eleitorais que indicavam uma vitória em primeiro turno.

“Mas, há muitos outros componentes além do conhecimento sobre o candidato em vigor numa eleição. Quando João Henrique foi candidato pela segunda vez, ele aparecia em terceiro lugar, Pinheiro em quarto e Imbassaí em primeiro, mas a perspectiva era que João Henrique e Pinheiro fossem para o segundo turno porque eles eram os dois candidatos que tinham uma consolidação de partido nacional. E terminou assim. Eles dois empataram e João Henrique terminou em primeiro lugar e ganhou novamente as eleições”, comparou Lídice com o cenário eleitoral entre Neto e Jerônimo.

Os rumos de Neto ainda seguem indefinidos após a rasteira tomada em 30 de outubro, uma vez que sua campanha já pintava, inclusive até o próprio candidato já respirava, um clima de “já ganhou”. Não só isso, a equipe do ex-gestor de Salvador tentou desgastar a imagem de Jerônimo atacando as gestões de Jaques Wagner e do, então, bem conceituado Rui Costa, com palavras de gatilho como “desgaste” e “a Bahia quer mudar”.

“Cansaço era uma exploração política. Não é fácil construir uma estratégia de campanha quando ela não está em ressonância. Não sei dizer se tinha um cansaço do grupo do PT com base apenas no antipetismo que existe nacionalmente, sem reconhecer que o partido representa um ‘novo’ na Bahia, enfrentando anos de dominação de um grupo político da qual ACM Neto é originário, queira ou não, afinal de contas ele é neto do senador ACM que governou a Bahia por muitos anos”, disparou Lídice da Mata.

Sobre o ‘tanto faz’, que desde o princípio se fechou, quase que numa ‘rinha’, entre os eleitores de Lula e de Bolsonaro, e que Neto aparentemente não queria interferir no voto do eleitor baiano ou, quem sabe, não se meter no meio da briga, Lídice pontuou que “não foi uma estratégia errada. Ele não quis ir contra o momento de preferência entre Lula e Bolsonaro”, completou.

*Confira a entrevista na íntegra: